Concelho de Santiago do Cacém...


… tem a sua localização a sul do distrito de Setúbal, na região do Litoral Alentejano. Dista a 150 km de Lisboa e a outros tantos do Algarve. Santiago do Cacém começou por ser um povoado Pré-Celta que foi Romanizado desde o século I da era de César até ao século V da era de Cristo, possuindo uma vasta história que certamente será um prazer investigar para os apreciadores. Actualmente é a sede de concelho e conta com 11 freguesias. O território apresenta zonas montanhosas, zonas de planícies, vales e várzeas, onde sobressai o sobreiro, medronheiros, pinheiros, azinheiras e eucaliptos. Apresenta também uma vegetação de estevas, urzes, sargaços, carvalheiras e carrasqueiros, bem como uma arboricultura de oliveiras, laranjeiras, vinha e outras árvores frutíferas. Sendo um local com uma beleza natural e sem grande poluição, pode-se encontrar uma fauna composta por raposas, texugos, doninhas, papalvos, lontras, coelhos, lebres, perdizes, javalis, rolas, o cisão, tordos, a codorniz, patos, pombos bravos, corvos, águias, mochos e noitibós.

Como lugares de interesse para visitar salientamos alguns como: Estação Arqueológica das Ruínas de Miróbriga (origem pré-romana), o Castelo de origem árabe, a Igreja Matriz (de construção gótica), o Centro Histórico, o Museu Municipal, Parque Urbano Rio da Figueira e o Moinho da Quintinha, bem como outros monumentos nas várias freguesias. O Centro Equestre, a Escola de Voo, o Centro Cultural, o Alexander´s e o Badoca Parque são igualmente locais a visitar. A sua gastronomia é rica em sabores, salientamos a Caldeirada de Enguias, diversos Pratos de Peixe, a Açorda Alentejana, as Migas e Gaspacho, Carne de Porco á Alentejana e Pratos de Caça. Na Doçaria valerá a pena provar os rebuçados de Pinhão e Mel, os Alentejanos, o Bolo de Santiago e o de Torresmos, Alcomonias, Filhós e Popias Coradas.


Descrevemos de seguida uma parte que nos interessa particularmente, tudo o que diz respeito á Hidrografia. Para além da diversa beleza natural, este concelho é banhado pelo oceano atlântico, possuindo as Praias: da Lagoa de Santo André, da Costa de Santo André, do Monte Velho, das Areias Brancas e a praia da Fonte do Cortiço. Na parte leste do concelho encontra-se o Rio Sado e algumas das Ribeiras que são afluentes da Lagoa de Santo André. Estas Ribeiras são pequenas embora algumas delas em épocas de chuva permitam em determinadas zonas a exploração em kayak, desde que os mesmos sejam de pequeno porte. Temos então as Ribeiras: do Roxo, de Campilhas, de S. Domingos, da Corona, da Badoca, do Azinhal, da Cascalheira e a ribeira da Ponte. Como locais de eleição para a prática de Canoagem, Vela, Natação e Pesca temos: a Lagoa de Santo André, a Barragem de Campilhas e a Barragem de Fonte de Serne. A Lagoa de Santo André é uma reserva natural, onde se mistura a água salgada do mar com a das três ribeiras que aí desaguam, com um valioso património ecológico como zona de nidificação e passagem de aves migratórias.


A Barragem de Campilhas é a de maior dimensão e a de Fonte de Serne embora mais pequena possui uma maior beleza paisagística. Ambas servem para reserva de água potável e para a rega, bem como para a pesca ao Barbo, Carpa e Achigã. São estes os três locais de eleição para os treinos e passeios destes kayakistas alentejanos, que para quem deseje conhecer terá três dias a pagaiar em belas paisagens alentejanas neste litoral plantadas. Relativamente perto, mas já no concelho de Sines poder-se-á pagaiar ainda na Barragem do Morgavel, bem como no mar que banha toda esta faixa costeira. Muito mais haveria a dizer sobre este concelho e suas gentes, mas nada como deixar o restante para ser descoberto por todos vós quando aqui decidirem vir deliciarem-se. Contem com estes alentejanos para ir convosco á descoberta de Santiago do Cacém.

Gastar as Br€as para o Inverno

Após um pedido de conselho do nosso amigo de Reguengos de Monsaraz, sobre equipamentos para o Inverno, surgiu-nos a ideia de aqui deixar algumas dicas para nos vestir-mos a rigor para a época e gastarmos alguns (bons) €uros das broas do Natal (que cada vez ficam mais minguadas). A ideia surgiu pela dificuldade que o nosso amigo está a ter para encontrar um fato de neoprene, tipo jardineira com a sua medida e que nos questionou qual a nossa opinião de comprar um fato de bodyboard para a prática de canoagem. Desaconselhámos esta opção com várias justificações, dando-lhe indicação de diversas lojas onde poderia insistir na procura do referido fato com a sua medida, ou de sites para encomenda ou ainda como opção comprar umas calças de neoprene, que consideramos como 2ª opção, pois são tão caras como o fato e este permite um maior aquecimento e estanquidade. Vamos então ás compras para um natal mais agasalhados e na moda.

Começamos com um casaco impermeável, que cortará também o vento.

O tal Fato de Neoprene, o denominado jardineiras.


Um Polo Térmico para andar-mos mais quentinhos e aconchegados.

Umas Luvas para o frio e para evitar andar de mãos molhadas.
Umas Botas de Neoprene para não molhar os pezinhos.

Umas Meias de Neoprene para os aquecer ainda mais.



Um Gorro talvez para as terras mais frias do Norte (a sul faz sempre calor).


O indispensável Colete, pois para além de também aquecer representa segurança.
Nos dias de chuva poder-se-á optar por um chapéu impermeável, tipo pescador.
Uma pequena resalva, não liguem ás marcas dos equipamentos, não pretendemos fazer publicidade (não nos quiseram dar comissão), são meros exemplos ilustrativos (mas por acaso dos mais em conta).
Posto tudo isto lá se foram as Br€as do Natal, mas assim podem enfrentar todas as tormentas invernais e deixarem-se de desculpas para não pagaiarem no Inverno.
Boas Festas e muitas e boas Pagaiadelas!!!

Pagaia Élio VI

Sendo possuidores de três pagaias que variam entre uma qualidade baixa e uma qualidade média, chegou a altura de investir numa de boa qualidade. O desejo era de ter uma pagaia leve, com umas pás de boa dimensão, que melhora-se a tracção na água, principalmente em passeios no mar e possibilitando uma maior velocidade.


Nos passeios em que pude participar com os Amigos da Pagaia foi-me possível experimentar uma diversidade de pagaias, o que me permitiu ir definindo o que desejava. Os preços das pagaias variam bastante no nosso mercado, dependendo dos modelos e marcas, dos fabricantes e dos importadores, sendo importante fazer uma boa selecção para comprar algo de qualidade a um preço aceitável (pois não posso inviabilizar a compra do bote da águas bravas). Após a consulta de diversos sites e vários contactos telefónicos com diversas marcas e representantes, cheguei á conclusão que quase todos efectuam cópias de marcas de renome internacional (estas extremamente caras), sendo as cópias da marca Bracsa fabricadas em maior número. Também optei por contactar atletas de competição, os quais tinham pagaias á venda, não com o objectivo de comprar usadas, mas de ouvir as suas opiniões sobre os mais diversos modelos. Escutando e aprendendo com os conselhos e opiniões de alguns Amigos da Pagaia, dos fabricantes e dos atletas de competição decidi então que queria uma pagaia em carbono, em “colher” tipo competição, com uma pá com cerca de 770 cm2, com um peso entre as 650 gr e as 750 gr, em que a dita colher tivesse uma maior dimensão na sua extremidade para possibilitar uma maior tracção em mar. Como é óbvio a escolha da marca teve em consideração o preço, pois os fabricantes nacionais copiam todos os modelos da Bracsa, sendo produtos muito similares na qualidade mas não no preço. Tendo em consideração o desejo e os objectivos traçados optei por uma cópia Bracsa, a Élio VI, que me foi enviada pelo correio, tendo eu que fazer a sua montagem, a colagem das pás no tubo (pois montada teria que ser expedida por transportadora aumentando em muito o custo da mesma).

Desde a encomenda até chegar ás minhas mãos decorreram cinco dias, período em que me interroguei se conseguiria efectuar correctamente a montagem. O fabricante explicou ao pormenor como haveria de proceder para a montagem, enviando a respectiva cola e mostrando-se sempre disponível para qualquer dúvida. Tenho que admitir que achei que seria complicado, nomeadamente para estabelecer o ângulo adequado, mas seria mais um desafio, que se veio a provar ser facilmente resolvido. As três pagaias de casa ajudaram a aproximar do ângulo mais habitual, mas sendo estas pás em concha existiam certas diferenças. Sem efectuar a colagem fui ensaiando os ângulos quer pagaiando no ar, quer no tanque do monte. Estes ensaios permitiram-me escolher o ângulo apropriado para mim, onde optei por não ter que efectuar aquela ligeira rotação nas mãos ao mudar da pá da direita para a pá da esquerda. Após os ângulos estarem definidos efectuei a colagem e retirei as enormes letras a publicitar a marca, faltando agora o ensaio dentro de água com o kayak.

Foi em mais um passeio alentejano de 25 km na Barragem de Campilhas, que fiz o ensaio. As primeiras pagaiadelas exigiram alguma habituação, pois estas pás em colher são muito diferentes das que já possuía, de início sentiu-se de imediato um aumento de velocidade (com a pagaiada certinha), mas também um aumento de instabilidade, que foi diminuindo e desaparecendo com os km. A velocidade continuava alta, o peso da pagaia nem se notava, mas após uns 15 km comecei a notar e a sentir o cansaço que esta pagaia transmite, pois a dimensão das suas pás exige mais esforço a pagaiar, nomeadamente quando o ritmo até aqui imprimido era tipo de competição. Desde que é colocada dentro de água até sair sente-se sempre a tracção e a força na água, notando-se o efeito do seu poder na velocidade atingida. Mas após mais alguns km os músculos habituaram-se e deixaram de se queixar do esforço exigido. É uma pagaia que exige alguma habituação e treino, mas que depois de dominada dá um prazer de velocidade e de força incrível. Enfim, fiquei muito satisfeito com esta nova aquisição, faltando agora ir para o mar experimentar este peso muito leve, tão leve como mais leve ficou a minha carteira, mas a jeito de conclusão toda esta leveza valeu a pena.

SoulWater

K A P S por Terras Além……………..Tejo


Após o desafio lançado em “Isto está fraco a sul” desorganizou-se um passeio por terras alentejanas, nas já muito pagaiadas Barragens do Alvito e Odivelas, com poiso na Koutada Markádia. O ajuntamento começou na 6ª feira á noite no parque de campismo que fica com extrema na água (a modos que diz: venham para a água) e que prima por ser muito aprazível e sossegado (excepto com acampamentos dos APs).

“Até aqui o tipo não descreve mal, mas que raio o gajo escreveu no título, será que também saiu agora discoteca? Já lhe faltam letras no inicio? Já tá-se a passar!”

Não caros papagaianos, não me tou a passar, eu explico:

K de Kome
A de Antes
P de Pagaia
S de Suavemente, ou seja o produto final:

“Kome Antes, Pagaia Suavemente por terras além……………….Tejo”

Era muito comprido para título, uma trabalheira para escrever com a foice no teclado. Mas espero ter-vos aguçado a apetite para a refeição, perdão, para o passeio que passo a descrever.

Esta Koutada alentejana é engraçada (deve ser uma ONG de apoio a imigrantes) tem um porteiro que dizia que sim a tudo, mas eu acho que ele não entendia metade do que lhe era dito. Nã, não era alentejano tinha uma língua de trapos, mas eu também não entendi algumas das suas respostas e falo três línguas e ao telemóvel. As hostes foram chegando aos poucos e imediatamente após desligarem o carro abriam os sacos de comida e começam a partilhar petiscos, não faltando a grelhada já nocturna, com ementa diversa desde o peixe á carne. A nocturna de 6ª feira foi composta por: Comida, conversa, monta tendas, conversa, beber café, monta tendas, conversa, conversa, dormir (confesso que ainda comi uns chocolates antes de me deitar).

O combinado seria partir da Koutada sábado ás 10 horas em direcção á B. do Alvito, mas estando nós no Alentejo saiu-se ás 10.40 horas, parando em Alvito para satisfação de diversas necessidades (claro que não digo quais, foram todas mui pessoais, das pessoas todas, sabem?) e retomando a viagem para a água cada vez mais atrasados. Embora tendo já dormido nessa noite no alentejo (os ares ainda não se tinham impregnado) eis que o desorganizador Lisboeta tomou a liderança na estrada e para anular o atraso (coisas de lisboetas, nós aqui no alentejo nunca nos atrasamos, o tempo é que vai adiantado) pôs as viaturas a velocidades pouco recomendadas para as estradas alentejanas (eu bem vi, vinha mais atrás e vi, as duas depressões, um desmaio e um sopro no coração provocados nos desgraçados dos animais á beira da estrada, tal foi a velocidez). Uma pequena nota mental de memo: os GPS, por motivos estranhos perdem os pontos todos! As máquinas até são boas, mas talvez pela enorme extensão destas terras além-tejo não funcionam lá muito bem, mas eu prefiro o velho mapa e bússola.

Chegados ao ponto de encontro, já muitos lá estavam. Conclusão: os que vieram de longe chegaram a horas, os que estavam mais perto já no alentejo atrasaram-se, portanto concluo da conclusão: que estes ares têm algo de muito peculiar, pois interferem com as ondas mentais dos que por aqui andam e é impossível de contrariar, portanto ficam a saber por mais que se esforcem, quando estiverem no alentejo aguentem-se a andar devagar, lentinho e por fim parados, o tempo é que tá adiantado.
Abraços, beijinhos, apresentações, reencontros, trocas de barras de cereais, toca de descarregar os botes e partir para o resgate. Já com os carros em Oriola e prontos a regressar junto aos botes um pequeno contratempo, a auto caravana do Sr. Manuel, que nos iria fazer regressar a todos, teimou em deitar-se no campo enlameado e de lá não queria sair (malditos ares até pegam nos carros). Com homens robustos, com situação militar resolvida, com melhor aspecto que a nossa equipa de râguebi, com a intensa massa muscular destes papagaiadores a empurrar (e um pequeno jipe que deu um pequenita ajuda) a dita cuja lá se dignou a sair da lama indo pastar para o local da partida. Antes de partirmos deu para reparar na adesão da frota de K2, num total de cinco, embora dois deles transportassem três. Confusos? Nã, houve quem levasse os filhotes para dentro de água, transformando dois K2 em K2 e meio. Nota: eles transportam os filhos de uma forma estranha, ou no poço de carga ou ainda entre a barriga e a pagaia, o que é certo é que as crianças estavam divertidas. Merecem uma menção honrosa (Diogo e Inês) pois portaram-se como dois verdadeiros juniores APs e alinharam os dois dias dentro de água, onde até deu para bater choco (esta actividade enquadra-se no tópico “Treinamo-los de pequeninos para pagaiarem por nós, enquanto vamos comendo”, para dar continuidade á linhagem navegante). Nota: a repetir mas ainda com mais crianças.

Será que este número de K2 tem a haver com os ares? Acho que sim, para não se cansarem dividem a pagaiada a meias e assim torna-se mais fácil, pois foi vê-los a tomar a dianteira do bando, imprimindo um ritmo inicial de gaz…., aves,…graciosas aves. Os K1 estavam bem representados, como sempre, em número de oito. Búe de gente que podia estar a campinar o meu monte, em vez de estar aqui a dar de beber ao bote (não é nota de memo).
O passeio decorria a bom ritmo, com conversas molhadas, perdão, conversas animadas, até…pararmos para comer o almoço, num local mui in frequentado por bichos abuadores, eram aos kilos e poisavam em tudo o que ali existia, eu até ia comendo duas juntamente com o frango, enquanto havia outros que mui serenos as deixavam poisar em todo o corpo, outros que se agitavam e comiam a caminhar e outros ainda que decidiram almoçar dentro dos botes a navegar. Falo das vespas que almoçaram connosco que de alentejanas nada tinham, pois voavam e poisavam freneticamente em tudo e todos. Embora fosse um almoço volante e agitado, ainda houve tempo e tolerância para cafezinho, fotografias e conversa. Bem nem todos foram tolerantes e foi engraçado ver dois APs a almoçarem dentro de água, sem âncoras a manterem os botes lado a lado, parados e com comida e pagaias entre mãos.

A tarde foi passada a pagaiar com um sol fantástico, com alguns a fazerem os bracinhos todos pelo caminho (têm que digerir o que comem) e o grosso da coluna a seguir no braço central para Oriola: O passeio terminou cedo, ainda com tempo para umas trocas de botes e circum-navegação entre as torres da Herdade das Torres, que estão plantadas dentro de água. No regresso ao parque já nos aguardavam com expectativa, quem? Os grelhadores. Enquanto uns foram a banhos outros foram a brasas. De saudar aqui os quatro grelhadores que estiveram em trabalhos forçados, o exercício e a companhia abrem os apetites e foi a altura de se iniciar a primeira prova nocturna, comer. É uma daquelas provas já viciadas á partida, pois todos são vencedores e quem não é, de certeza que se negou a comer. Iniciaram-se as olimpíadas da grelhada com tudo o que possam imaginar, era comida, mais comida e mais comida que eu nem descrevo ao pormenor para não vos provocar fome ou mau estar. Não faltaram os miminhos como o arroz doce, bolos, figos, nozes e talvez ainda mais algo que comi e não me lembro. Parecia um festim romano, eles comem tudo e não deixam nada.
Não se conseguiu apurar o 1º prémio, o que comeu mais, pois a dúvida permaneceu entre muitas bocas, mas como tudo foi regado com muita conversa, caiu tudo bem naqueles porões.

Com uma noite de lua cheia, surge o próximo desafio, uma nocturna. A maioria empanturrada recusou e apelidou de loucos os três proponentes a irem para a água, que estava ali ao lado. Uma partida da Koutada até ao paredão, com um surfzito pelo caminho, a intenção era beber um café , mas lá chegados e após tal alarido, confrontamo-nos com o café fechado e com um grupo de alentejanos em festa, bebendo, falando e de grelhador acesso e mais…comida. Nã mais comida não. Fugindo ao pecado, partimos contornando o paredão e rumando pelo corpo central da barragem até ao seu topo, tínhamos que fazer a digestão. Não fosse Odivelas o passeio do dia seguinte, tínhamos feito tudo naquela noite (havia energia acumulada para isso). No regresso ao parque esperávamos encontrar o resto do pessoal numa festa desenfreada, não dando descanso aos imigrantes, mas…o silêncio imperava (ou a porra dos ares batera-lhes na cachimónia e foram todos dormir ou a quantidade de comida ingerida caiu na moleza). Parece que a agitação foi toda dentro de água, pois fora já estavam dentro de sacos camas quentinhos e reconfortantes.

A alvorada no Domingo foi á hora que devia ser (não sei bem qual, pois na madrugada anterior a hora mudou, mas era tarde), tendo os presentes mantido o fuso horário antigo (no alentejo as mudanças de hora chegam mais tarde). Não fomos á missa porque não havia igreja, e quem não cuida do espírito tem que cuidar do estômago, hora do pequeno-almoço. Rumando para o sentido oposto ao paredão, fez-se um braço á direita onde tivemos encontros imediatos animalescos, ora com bons nacos de carne (leia-se vacas), ora com estridentes bifinhos (leia-se perus) que durante algum tempo ficaram pasmados a galar-nos e a tirar-nos fotos, era estranho tanta gente dentro de água em cima de tantas coisas colorida, que os perus ficaram vidrados em nós, pasmados com tantos botes atracados na sua frente. Mas como bons perus alentejanos receberam-nos com simpatia e conversa aguçada, até nos atiraram pão e barras de cereais, mas mantiveram a distância, pois viram nos nossos olhos que perto de nós seria tacho na certa, os bichos são espertos.

No segundo dia para além das crianças juntou-se-nos uma adolescente, que nos veio estragar o bom nome de “grupo de Kotas com nomes esquisitos” e lá andou a pagaiar connosco. Ficámos a ser só um grupo com nomes esquisitos, isto porque se pretende alargar o grupo a mais adolescentes/crianças, deixando que escolham eles os seus nicks esquisitos. De salientar ainda a presença de dois lisboetas que decidiram ir sozinhos pagaiar a Odivelas no seu SOT e que preferiram juntar-se e participar na nossa desorganização. Pelo que sei gostaram, pois até já voltaram a participar noutra desorganização lá para os lados de S. Pedro. Rumando para o braço esquerdo (com umas buchas pelo caminho), chegámos ao limite do braço, havendo quem quisesse enterrar-se na lama (á semelhança de uma auto caravana) talvez porque a lama alentejana tem propriedades sujas e lamacentas que atraem, deve ser porque quando lá chegamos ficamos enterrados e parados. Outro momento inédito foi ver três mulheres a navegarem dentro de um kayak e o desgraçado embora nelo lá as levou a bom porto. Como não iniciamos cedo, a hora de almoço já tinha passado e foi vê-los a pagaiar energicamente em direcção ao parque, para o almoço que é sempre á hora que um homem ou mulher querem.

Outro momento lúdico e ó desportivo…comida, outro almoço, outra digestão. As horas passaram e alguns decidiram começar a empacotar os botes, outros decidiram dar o banho da tarde e fazer mais uns bracitos. Despedidas e promessas de breve reencontro, lá partiram cinco almas pagaianas para tomar um café ao paredão. Atracar na areia foi complicado, tal era a frota de kayaks, mas com um chocolate com passas lá se convenceu o arrumador a arranjar uns lugares juntos. Entre conversas lá escorregaram os cafés e uns gelados. Nota para memo: Os porões dos APs têm grande capacidade de carga.
De regresso ao parque a debandada já tinha sido geral e os que sobraram já carregaram os botes com o cair da noite (coisa tipo nocturna). Beijos, abraços e promessas que vamos á missa em Santa Clara, pois como somos um poço de pecados, nomeadamente no que concerne á gula, vamos lá pedir perdão pelo nosso pecado e com certeza se comermos mais ficamos perdoados pelo que já foi comido.

Espero ter sido suficientemente maçudo para que repensem quando se lembrarem de me pôr novamente no relato, lembrem-se deste e ponham-me antes uma grelhada entre as mãos.
“Possa, o gajo acabou!”

Hááá, ainda faltaram aqueles pormenores, que são sempre importantes (ou talvez nim), no 1º dia fizeram-se perto de uns 20 km, na nocturna não faço ideia e no segundo dia (mais para uns e menos para outros) rondaram talvez outros 20 km. Tentei contabilizar os kilos de calorias ingeridas no passeio, mas as minhas capacidades lisboetasÓalentejanas ficaram esgotadas e confusas depois de escrever tudo isto com duas foices.

SoulWater

Fotos http://picasaweb.google.com/soulwateri/BarragemOdivelas

http://picasaweb.google.com/soulwateri/BarragemAlvito

Passeio na Barragem de Fonte de Serne

Habitualmente é o SoulWater a fazer as partidas á família, mas desta vez foi ao contrário. O passeio combinado em família foi alterado á última da hora, devido a outras situações inadiáveis. Mas embora a família não pudesse ir em conjunto, deixar de ir para dentro de água é que não podia deixar de ser, se não o fizesse o resto da semana não correria bem de certeza. Proposto a ir sozinho eis que o grande amigo de águas RuiAlturas diz que também queria que a próxima semana lhe corresse bem e toca de irem os dois até Fonte de Serne. Atrasados como é habitual quando vamos os dois, lá nos pusemos a pagaiar invertendo a rota habitual, contornou-se toda a barragem e todos os seus braços pela margem esquerda do paredão. Esta é uma barragem habitual nos nossos treinos, mas até hoje nunca a tínhamos apanhado com tanta água, o que permitiu ir mais longe em todos os braços, perfazendo um total de 20 km realizados.


O dia estava com um sol radiante, o que contribuiu para aumentar o bronze nas zonas descobertas do corpo (há marcas que ficam todo o ano a praticar canoagem). Esta é uma barragem tipicamente do Litoral Alentejano com bastante vegetação a envolver-nos, desde sobreiros a eucaliptos, com bastante peixe sempre a saltar á nossa volta e com água de boa qualidade. As aves são uma constante, para além de um falcão peneireiro em voo muito razante junto de nós (o que não é habitual, pois voam sempre alto), as habituais garças e muitos corvos. O nosso ritmo a pagaiar é habitualmente rápido, mas decidimos aumentar o ritmo a papagaiar e diminuir o pagaiar, isto para variar. As nossas conversas são sempre muitos agradáveis e nunca ficamos sem assunto, parecemos dois compadres alentejanos que vão falando e cantarolando. Eis que numa das margens surge uma grande porca com os seus leitões, na hora da refeição destes, imagens que são boas para recordar e toca de tirar mais uns kilos de fotos.


Estava também na nossa hora de comer algo e toca de montar acampamento no areal habitual das refeições. Este local é muito aprazível, com bastante sombra e uma areia macia que permite sempre um momento de relax deitados nas toalhas, tipo lagartixas. É o momento da soneca dos alentejanos (embora nunca se durma mesmo), mas é sempre bom estendermo-nos. Mais umas boas fotos e toca de nos enfiarmos nos botes pois ainda faltavam alguns km. Mantivemos sempre um ritmo calmo (estamos no alentejo, devagar, devagarinho e parados). Mais conversa, mais gargalhadas, mais fotos e estamos perto do fim, mas como soube a pouco toca de dar mais uma volta á bacia central do paredão. Toca de carregar o material e parar em S. Domingos para beber a bujeca habitual do final do dia e conversar mais um pouco. Toca de regressar e descarregar (é o trabalho deste prazer). Estava assim terminado mais um dia de passeio e convívio marítimo destes amigos alentejanos.

SoulWater

Vela Caseira para K2 Berlengas

Como o prometido é devido, aqui está ela, a nova vela para o Nelo Berlengas.
Desta vez já não havia tantos restos que fossem úteis para a confecção e lá teve que se gastar umas coroas, mesmo assim ficou barata, 22 € nos materiais em falta, bem longe dos valores das velas comercializadas. Optámos por experimentar diferentes materiais, mantendo-se a mesma configuração e métodos de construção (não se mexe em equipa que provou ser vencedora), demorando a confecção cerca de 5 horas. Compraram-se peças em T de cobre (utilizadas nas instalações de gás), tubos também em cobre, o elástico e a corda. O resto foi da recolha caseira, o pano é agora de um ex-cortinado de banheira, um tubo de borracha de carro, os parafusos porcas e anilhas, costura a fio de pesca, ganchos e um fecho de plástico, fita da velha mochila, fita isoladora e tubo de isolamento das canalizações. Postos os ingredientes mexeu-se bem o tacho e eis o repasto que deu:

Após a montagem no Berlengas, verificamos que assentava que nem uma luva. Mas devido a ter-se aumentado o tamanho em altura, quando se recolhe a vela esta fica muito por cima do poço do kayakista da frente, que será o manobrador da dita, bem como do leme, deixando que o kayakista de trás possa pagaiar e assim contribuir para o aumento da velocidade. Para que a receita fique comprovada, falta agora juntar a água ao tacho, mexê-la dentro de água com um bom vento, algo que será feito neste fim de semana na Barragem do Alvito, caso o vento lá sopre como é hábito. E não (como já me disse um Amigo da Pagaia), não nos vão ver num futuro a fabricar kayaks (talvez só um k2 em madeira), mas estaremos disponíveis para fazer a vela para o teu. LOL

Grandes Amigos de Águas

Depois de alguma escrita já aqui lançada, existe um tema muito importante que não poderei deixar de rascunhar, talvez um dos temas de grande importância na vida de todos. Os Grandes Amigos, aqueles verdadeiros Amigos que contamos sempre.
Conto com alguns e bons, mas não vou falar de todos, apenas dos Grandes Amigos de Águas. Recentemente tenho vindo a conhecer vários Amigos da Pagaia, que até agora têm revelado um bom espírito e companheirismo, mas são como disse recentes e ainda não houve tempo para aprofundar e estreitar relações extremamente fortes, embora já se tenham tornado importantes para mim ao ponto de aqui os mencionar. São “relações afectivas em construção” como costumo descrever a relação entre pessoas que ainda se vão conhecendo.
Mantenho relações há vários anos com estes Amigos de Águas de que vos pretendo falar, sendo eles quatro, que vos passo a descrever. Ao primeiro quero agradecer o ter-me picado para estas coisas da canoagem e kayaks, sendo ele o responsável por este meu vício tão saudável, o meu Amigo Francisco de Arcos de Valdevez, que em 2003 me enfiou dentro dos seus kayaks (Sipre Murano M e Sipre Big Sea I) e me fez descobrir mais um grande prazer desta vida, nomeadamente em belas águas do Minho. Embora longe sei que poderei contar com ele e que os encontros têm sido mais fora de água do que dentro, mas a vida não permite algumas coisas realizarem-se com mais frequência.


O segundo é muito parecido comigo, daí o considere como um irmão e a amizade que nos une é extremamente forte, para além dos laços familiares que construímos. Falo do meu Compadre Paulo Quintas de Arcos de Valdevez (excelente terra, tem Homens de boa cepa), que embora muito longe fazemos por nos encontrar todos os anos e por partilharmos muitos bons momentos juntos. Temos pena de não vivermos mais próximos um do outro, pois temos consciência que seria bom para ambos, mas também que seria sempre loucura demais. O meu parceiro de Canyonning e de kayaks em várias vertentes, na turística e nas águas bravas, aliás foi com ele que me iniciei em águas mais correntes e que partilhamos momentos de adrenalina pura e até de alguma inconsciência nas mesmas, mas somos os dois assim. Vivemos intensamente e depressa, e desta forma os riscos são secundários (a idade não nos tem acalmado).


O terceiro, mas não menos importante (aliás a ordem aqui nem existe, pois todos são verdadeiros Amigos e muito importantes) trata-se do meu Grande Amigo Alentejano Rui Nunes (e olhem que é mesmo grande), parceiro até hoje de maior número de águas partilhadas conjuntamente. Aquele Amigo que podemos contar para ir sempre para dentro de água, tal como para qualquer outra coisa que seja preciso, é dos que “despe a camisola” para me dar se for preciso.
Temos passado por diversas situações diferentes juntos e em todas elas revelou-se um companheiro como até hoje não encontrei muitos, o seu excelente espírito e capacidade para partilhar bons e menos bons momentos é indescritível, só se percebe bem quando temos realmente um Amigo assim.


Por fim, alguém de quem não vou escrever muito, pois ela sabe muito bem tudo o que sinto por ela (e olhem que são muitos os sentimentos), a minha companheira de vida e agora também de águas, a Cristina. Que cada vez mais faz um esforço para me acompanhar nos muitos Km que gosto de fazer num dia e pelo gosto que tem vindo a desenvolver por pagaiar. Julgo que basta dizer que esta vida sem ela não faria muito sentido, com ou sem água. A minha Grande e maior Amiga.


Espero que os meus outros verdadeiros Amigos não levem a mal por não os mencionar, mas aqui a especificidade são os Amigos de Águas. Bem, os outros verdadeiros Amigos também sabem o quanto são especiais, pois faço por lhes demonstrar e para assim se sentirem. Um muito obrigado a estes por serem meus Amigos e gostaria de lhes dizer para terminar, que sem eles não seria assim tão feliz.

SoulWater

Passeio em Família - Barragem Morgavel

Algumas das fotos tiradas a 14 de Outubro de 2007 na Barragem do Morgavel, local de ensaio de todas as inovações no Nelo Berlengas e de confirmação de que temos um K2,5 a preço de um K2.

A paisagem tipicamente do litoral alentejano, com bastante sol e temperatura agradável, com cheiro a mar (pois este está muito perto), com águas calmas durante o dia, mas com pequena ondulação no final da tarde, criada por algum vento que surgiu.

Para além dos habituais saltos de peixes em nosso redor, foi possível avistar vários tipos de aves, entre as quais destacamos um abutre e algumas garças.

Depois de 90 fotos tiradas e um bom lanche com brincadeiras á mistura, o dia terminou com um banho do SoulWater sob os olhares da família, apelidando-o de doido pois a trovoada tinha começado a surgir, algumas gotas de água a cair, céu escurecido e arco-íris presente, mas é nesta altura que a água se encontra mais apetecível e nos dá aquela vontade de mergulhar.

No meio disto tudo o mais importante foi ser mais uma tarde bem passado dentro de água e com a natureza, permitindo-nos gozar e saborear a presença de toda a família.


Fotos
http://picasaweb.google.com/soulwateri/BarragemMorgavel

Passeio de Alentejanos ao Alqueva

É verdade sim senhor, os alentejanos saíram dos seus montes típicos, vindos de várias zonas alentejanas, para se juntarem no oceano bem plantado no interior deste profundo Alentejo. Foi a setembro, a dia 22, decorria o bendito ano de 2007 e eles lá partiram de Santiago do Cacém (Soulwater e RuiAlturas), de Estremoz (Matos) e de Reguengos de Monsaraz (Farófia) e houve um da Amareleja que ficou dormindo debaixo do chaparro e apareceu (Morgado). Como bons alentejanos chegaram todos atrasados, mas como povo unido que são encontraram-se sem querer todos á mesma hora numa rotunda de Reguengos, com 30 minutos de atraso (é a tolerância habitual para matar o bicho). Parecia uma reunião de agricultores carregando fardos de palha nos seus tractores, os compadres nativos até olhavam de lado para aquela manifestação que começara tão cedo (eram ainda 10.30h. da manhã). Lá tomaram a direcção do mar e aquando lá chegaram ficaram abismados a olhar para aquela imensidão, desconfiando se os seus fardos de palha não se iriam afundar em tanta água (havia a esperança que houvesse por lá umas pipas flutuantes com lastro de Reguengos, para ajudar na coisa).

Uns despiram-se (preciam que iam ao banho anual), outros vestiram a samarra (sempre ajudava a flutuar, caso a palha mete-se água), e lá partiram entoando cânticos alentejanos por aquelas águas adentro.

Havia um deles que tinha um fardo de palha novo, ia a banhos pela primeira vez, mas lá se ajeitou bem, pois este povo está habituado a passar por dificuldades e a dar a volta a tudo.Lá seguiram juntinhos, pois povo unido jamais será vencido, por aquelas águas deleitando-se com o campo que os rodeava. Aquando avistaram as primeiras árvores, lançaram os fardo de palha com uma velocidade, que até parecia que se iam deitar debaixo delas, só o fizeram porque havia água por baixo.

E queriam sair de lá, só quando pensaram que mais á frente podia haver uns chaparros sem água por baixo e talvez algumas daquelas pipas, é que de lá partiram. E lá continuaram unidos entoando a grande vila morena, fosse aparecer a GNR, pois como cantavam alentejano os guardas os multariam por andar a poluir a água com tanta palha, pois a terra é de quem a trabalha.
Homens do campo habituados a trabalhar duro, pouco habituados a estas coisas de tanta água (só mexem nela pra rega), tinham que parar para encher o bandulho pois isto de bater com cajados na água dá cá uma fome.

Lá comeram as suas buchas descansados debaixo de um chaparro, mas a porra das pipas não haviam meio de aparecer, e lá bebericaram uns sumos e água (havia lá muita). No fim dos cafés e dos bagaços, deitaram-se os quatro debaixo dos chaparros a dormir a sesta. Mas um deles acordou, quando no seu sono agitado rebolou monte abaixo (sonhava que tinha encontrado uma pipa e estava aflito para a pôr em cima da palha) e pisou bosta de vaca, desatou gritando e acordou os outros. Se havia bosta havia vacas, se havia vacas havia bois, e até havia ali uns fardos de palha vermelhos, já conseguiram ficar descansados na sesta e puseram-se a chapar naquelas águas a fora. Rumavam a norte de Monsaraz pelo braço á esquerda (tinha que ser pois são alentejanos), pararam a meio do percurso para trocarem de fardos de palha, isto de comer palha de diferentes zonas é mais saboroso e lá continuaram cantarolando por ali a fora.

Chegados ao fim do braço Esquerdo, cuscuvilharam todos os recantos e lá se puseram regressando, um pouco chateados, pois nada das prometidas pipas. Batiam com os cajados, olhavam uns para os outros e afinavam as melodias lentas dos cantares alentejanos (estes alentejanos são como as mulheres, zurzem muito), e muito perto do fim algo já cansados com tanta trabalheira, ainda tinham esperança que aparece-se um compadre daqueles latifundiários com um tractor grande, que pudesse carregar com eles e com os fardos de palha, mas como aquilo é um bocado pró deserto (tamos no Alentejo, recordou um deles), lá tiveram que bater os paus até ao fim. Aquando chegaram e depois de tanto zurzirem e suarem, lá tiveram que tomar o banho anual, pois se sabiam quando voltariam a ver tanta água.

Como bons alentejanos que são, carregaram os fardos de palha e rumaram para uma tasca perto, para beber uns bons canecos ( fossem os tractores ficarem sem gasóleo agrícola para a viagem). Na hora das despedidas venham de lá aqueles abraços e promessas de voltar a repetir, pois os compadres teimosos como são, não vão desistir de encontrar aquelas pipas de Reguengos. Lá regressaram aos alentejos profundos, recordando aquele oceano no Alentejo plantado.

Aquisição de Kayaks para a Família...Errando e Aprendendo

O nosso início nestas lides foi feito com uma aprendizagem solitária, concretizando algumas más opções, que se foram resolvendo com o tempo.
Achamos que a aquisição de um kayak, deve ser feita mediante os nossos objectivos de utilização, gostos e disponibilidade económica.
Não vamos aqui discutir se será melhor o plástico, a fibra ou o carbono, pois todos eles apresentam vantagens e desvantagens, mais uma vez é importante ter em conta a utilização a dar e a qualidade/preço.
Iniciámos com o plástico, comprando um usado K1 Boreal Baltic KT450 (de 4,50 mt), que se revelou um kayak muito estável, muito confortável , mas com grandes limitações na capacidade de carga.


Permitia percorrer distâncias razoáveis, mas sem uma velocidade de pasmar. Serviu para toda a família experimentar e ficou durante uns bons tempos. Com o objectivo de toda a família participar nesta actividade, decidiu-se comprar outro bote que permitisse a todos estarem dentro de água. Primeiro grande erro, optou-se por um insuflável novo da Sevylor, Canoe KCC335, que foi experimentado no Rio Mira em Vila Nova de Milfontes, onde se provou a má opção de compra.


Era estável, permitia levar dois adultos e uma criança e respectiva carga, mas não andava, mesmo a pagaiar na força máxima o arrasto era difícil, as águas escolhidas também não eram as mais indicadas para este tipo de bote, mas a decepção foi grande e uma semana depois estava a ser devolvido á loja, pois felizmente para nós tinha um ligeiro e quase imperceptível defeito numa costura, o que permitiu a troca. Entre ficar com um cheque valor a ser gasto na loja ou comprar outro kayak, optou-se pela compra de um Rotomod Solo Luxe Soleil (novo e em plástico).


O kayak mais confortável até hoje ensaiado, pois não tinha um banco mas sim uma poltrona, um poço de carga na popa enorme (onde ia a filha mais pequena e a carga), muito estável, mas devido á sua grande largura e curto comprimento (com 3,30 mt) não se igualava ao Boreal em andamento. Deu para o casal Water passear em conjunto e fazer algumas brincadeiras em barragens, rios e também no mar.
Tínhamos agora o Boreal e o Rotomod permitindo uma utilização alargada, mas não completa para a família.
Após ter experimentado kayaks de fibra e avaliando as suas capacidades em andamento, o SoulWater ficou entusiasmado, toca de vender o Rotomod e comprar um Goltziana Kitiwec (usado em fibra, com 5,36 mt).


Um kayak espectacular em qualquer situação, não primava pela estabilidade, tinha uma boa performance e era bastante manobrável, sendo um kayak que dava um enorme gozo no mar e a navegar com vento forte. Tinha como grandes defeitos as pequenas tampas dos poços de carga e uma entrada para o banco muito apertada, mas um casco excelente. Kayak que mais saudades deixa, pois fazia subir a adrenalina e aumentava o gozo de pagaiar no mar.
Mantínhamos o Boreal e agora o Goltziana. Inconformados com as capacidades de carga para fazer autonomias e na sequência de ter experimentado a fibra e a velocidade que esta proporciona, decidiu-se optar por um kayak que resolvesse este problema.
Vendeu-se o Boreal e comprou-se um Sipre Murano L (5,30mt), que permitia levar a pequena no poço traseiro e toda a carga necessária.


Outro kayak excelente, estável, com óptimo deslizamento e acabamentos, bom casco (apesar da fina espessura da fibra), confortável e manobrável.
Revelou-se uma boa opção. Tínhamos agora o Goltziana e o Sipre, continuando com o problema de levar os quatro elementos da família. Tinha chegado a altura de experimentar uma canoa, pensando em resolver este nosso problema. Vendeu-se o Goltziana e comprou-se uma canoa ACK Indy (em fibra, com 4 mt) com capacidade para três (colocamos um banco amovível entre os dois bancos de origem), indo o quarto elemento no Sipre.


Outro erro de opção, pois embora levando três pessoas o seu deslizamento carregado não era o melhor (era razoável), permitia fazer passeios de distâncias médias, pois tornava-se muito cansativo para distâncias maiores. Depois de se baixarem os bancos a sua estabilidade melhorou. Esta canoa tinha a vantagem de poder ser utilizada só por um (nesta situação até se deslocava razoavelmente bem), permitindo utilizá-la para a pesca em barragens e em rios, o que aconteceu algumas vezes. Mantínhamos o Sipre e a ACK.
Não estava ainda encontrada a situação ideal para a família toda. Pôs-se a ACK à venda e comprou-se o novo Nelo Berlengas.


Finalmente encontramos a situação ideal para este momento. O Sipre Murano serve para uma utilização individual, indo os outros três no Nelo Berlengas, que provou ser um kayak que permite bons passeios com três tripulantes.
Depois de tanta troca sentimo-nos satisfeitos com os botes actuais, que se vão manter por um bom tempo. Resta mencionar que tudo isto ocorreu desde 2004 até à presente data. Mas como o vício por kayaks é grande, equaciona-se a compra de um kayak de águas bravas, que permita esta actividade, mas também o fazer Kayaksurf, mas tal só acontecerá no início de 2008. Depois diremos qual foi a opção e esperamos não voltar a cometer tantos erros (já andamos a pedir conselhos a pessoal com experiência na área).


Também possuímos estes dois botes insufláveis para brincar com as crianças. Já se utilizaram a ser rebocados pelos k1, mas o atrito causado era grande e cansativo de serem puxados com carga durante muito tempo.
Esperamos que esta nossa experiência ajude quem quiser optar por fazer aquisições de Kayaks para a Família...não tendo que aprendendo, errando tanto.

Vela Caseira para Sipre Murano

Depois de vermos uns bons vídeos de kayaks á vela a deslizar a velocidades algo alucinantes, achamos que seria agradável experimentar essa sensação. O primeiro passo foi ver preços de velas diversas, mas após algumas consultas achamos que teríamos formas mais agradáveis de gastar tanto dinheiro (tal como um fim de semana, com boa cama e mesa numa boa pousada deste paisagístico Portugal). Restava outra opção, começar a procura pelo nosso monte alentejano de peças que nos ajudassem a construir algo parecido com uma vela. Como bichos recolectores que somos, com espaço para guardar tudo, começaram a surgir peças e a aumentar a imaginação e criatividade.

Correias de uma mochila velha com ganchos, dobradiças de uma cadeira de praia velha, um tubo de borracha do carro que tinha sido substituído, borracha da rota câmara de ar da bicicleta, dois varões das sobras da canalização nova de casa, o pano de um velho guarda sol de praia, 2 parafusos, 2 porcas e 2 anilhas dos montes que por aqui existem na garagem, tampões plásticos que sobraram não sabemos bem de onde (para pôr nos 4 topos dos 2 tubos de água), fio de nylon da pesca, agulha e dedal, cabo elástico que tinha sobrado da substituição dos cabos do ex-K1 Boreal Baltic, duas cordas da mesma linha de vida também substituída, uma anilha de porta chaves e finalmente um gancho de uma velha trela do cachorro.
Chegámos á conclusão que guardamos tanta porcaria! Será que iria sair alguma coisa disto tudo?
Bem mãos á obra, no vosso caso preparai a vista:


A base que assenta no casco e que se amarra com os ganchos na linha de vida do Sipre Murano.


O conjunto completo, multicolor para chamar a atenção. O elástico preto vai á proa,
é passado pela pega do kayak e vai ao outro tubo, devido a ser elástico permite baixa-la no nosso sentido aquando sentados no kayak. Largando a vela, esta sobe para a sua posição horizontal. O Cabo azul é passado na linha de vida de cada bordo, permitindo ao puxar cada cabo mudar a vela para a posição do vento e impede que esta dobre para a frente quando o vento é demais.


Imagem após a montagem. O pano que aqui vêem é o primeiro que foi montado, mas revelou-se pequeno, poderia ser maior pois ainda andava pouco. Toca de mudar o pano.
Felizmente havia outro guarda sol velho (tanto lixo).


Finalmente a vela actual. Melhorou em termos de velocidade, tornou-se mais difícil de manobrar quando existe muito vento, mas depois de navegar muito com ela, chegamos á conclusão que ainda poderia ter um pano maior (só para aumentar um pouco mais a velocidade e a adrenalina de a controlar e não ir ao charco).
Apesar de tantos restos utilizados, ficou provado que funciona na perfeição, a custo zero e permite obter outra e diferente experiência na canoagem.
Agora e após esta brincadeira, estamos a pensar fazer outra idêntica mas maior para o Nelo Berlengas, pois à MindWater agrada-lhe a ideia de fazer 40km por dia, mas só ter que pagaiar metade dos mesmos. Quando estiver prometemos mostrar-vos.