Ribeira de Odelouca , Rio Arade & Mar em Portimão/Alvor

Estando uns dias de férias por terras algarvias, aproveitei para conhecer águas ainda não navegadas até hoje. No Algarve apenas tinha pagaiado no mar na zona de Lagos (Lagos - Praia da Luz - Lagos) e no Rio Guadiana (Alcoutim - Vila Real de Santo António).
Chegara agora a vez de conhecer as águas em redor de Portimão, misturando água doce com água salgada. O passeio foi organizado tendo em conta as marés, pois na Ribeira de Odelouca e no Rio Arade precisava de maré-cheia para navegar. A entrada na água foi na Ribeira de Odelouca na ponte da E.N. 124, aqui a ribeira é estreita mas passados poucos km começa a alargar por entre a serra algarvia, com uma paisagem engraçada mas não exuberante em termos de vegetação. Acompanhado com bastantes aves e muitos peixes saltadores (um deles até deu uma cabeçada no Murano) rumei a sul até encontrar a confluência com o Rio Arade.Aqui fiz um autêntico gancho e comecei a subir o Rio Arade até Silves. As margens da ribeira e do rio são como no Rio Mira, lodosas e com vegetação densa dificultando as paragens, mas lá fui encontrando sítios onde parar para esticar as pernas e encher o estômago. Ao chegar á cidade de Silves, fiz uma pequena paragem e retomei a pagaiada, pois tinha que repetir o caminho no Rio Arade para chegar a Portimão. No percurso fui-me cruzando com pequenos barcos com turistas que me acenavam fotografavam e sorriam, algo que até foi estimulante para continuar a dar ao braço sozinho e fazer os km que ainda faltavam. Chegado novamente á confluência dos rios rumei a sul, mas antes da ponte da A23 entrei por um braço á esquerda para visitar um local previamente visto no Google. Refiro-me ao Sitio das Fontes um local com o moinho da maré que foi tornado numa praia fluvial. Este local é bastante agradável pois para além da água que o rodeia dispõe de local de merendas, anfiteatro ao ar livre, parque com baloiços para as crianças e o casario tipicamente algarvio, um espaço muito bem cuidado e arranjado, onde aproveitei para ir ao banho.
Aí ainda fiquei á conversa com um pescador (da cidade de Almada) que também estava de férias e que mostrou interesse na compra de um kayak para passeios e para a pesca. Lá lhe dei uns conselhos e recomendei uns sites para pesquisas, talvez um dia nos voltemos a encontrar dentro de água. Novamente de partida, agora para Portimão/Ferragudo. Logo após a passagem da ponte da A23, deparo-me com um local de culto entre as rochas e somente com acesso por água, nada melhor que a respectiva foto para ilustrar tal imagem.A partir daqui o Rio Arade alarga bastante, mantendo-se assim até ao mar, zona esta com bastante movimento de barcos e motas de água. Passagem por baixo da ponte da E.N. 125, imponente com os seus dois mastros e boa acústica para ouvir a nossa voz em eco. A partir daqui vão-se encontrando marinas bem cuidadas e casario velho e degradado, imagens que já são típicas ao longo dos rios de Portugal. Passagem por nova ponte, agora a do comboio e logo a seguir a ponte que liga o Parchal a Portimão, esta a passar por obras de manutenção. Daqui rumei á Praia Grande (Ferragudo) para fazer uma visita á família que lá se encontrava a banhos de água e sol. De realçar o belo Castelo do Arade á beira-rio plantado.
Aproveitei para um banho refrescante pois o sol estava quente e tinha decidido ainda ir fazer uma visita ao mar. Saí a barra e rumei em direcção á Praia do Alvor/Praia dos Três Irmãos, mantendo-me perto da margem para apreciar as praias e as zonas rochosas que por ali abundam. Sinceramente gostei mais desta paisagem, quer pela zona rochosa e diferentes formas esculpidas pelo mar, quer por boas praias repletas de gente. Chegado á praia do Alvor parei para retomar energias e preparar o regresso, pois para além da ondulação do mar tinha ido contra o vento. De salientar que em todas as paragens que fiz pelas praias o Sipre Murano foi sempre alvo de curiosidade e de comentários elogiando a sua beleza. Tornei a entrar na barra sempre atento ás embarcações que por ali entravam e saíam a ripar. Rumei á praia onde a família me esperava, altura para mais um lanche, um banho de água e outro de sol. E assim terminava este passeio por terras algarvias, perfazendo um total de 40 km . No dia seguinte não resisti a subir e descer novamente o Rio Arade (da Praia Grande-Ferragudo até ao Sitio das Fontes e respectivo regresso) mas para variar aproveitei a maré vazia para mudar um pouco a paisagem vista no dia anterior e tirar mais fotos. Um passeio de 16 km que embora sendo uma repetição de paisagem foi agradável, permitido tomar umas banhocas refrescantes em sítios diferentes. Gostei de navegar por estas águas doces e salgadas, mas sem dúvida a parte mais bela para mim é o trajecto de Portimão ao Alvor, por ser um percurso de mar e pelas belas rochas e recantos que estas formam. Não sou apologista de idas para o mar sozinho, mas desta vez valeu bem a pena correr este risco de por ali andar e deliciar-me por entre rochas e rochedos. Para terminar, umas palavras sobre a nova máquina que nos leva a passear confortavelmente, a satisfação é completa e cumpre maravilhosamente a função de nos levar a todo o lado, tendo pujança para rebocar a casa rolante, carregar kayaks , a família e provou que ainda levava mais se fosse preciso. Claro que me refiro á nossa bela Back in Black - Kia Cee`d SW.
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Passeio no Canal do Morgavel

O canal do Morgavel tem uma extensão total de 38 km, inicia-se em Ermidas-Sado de onde recolhe água do Rio Sado e prolonga-se até á Barragem do Morgavel, para fazer o abastecimento de água da mesma. Situa-se entre o Concelho de Santiago do Cacém e o de Sines. O canal é feito em blocos de cimento pré-fabricados, tem uma extensão de 25 km ao ar livre e uma extensão de 13 km em túnel por baixo de terra. Para entrar dentro de água existem várias escadas ao longo do percurso, bem como várias pontes e vários açudes de desnível. As descargas de água são habitualmente feitas á noite, mantendo durante o dia um nível estável, mas em alguns locais é complicado descer as escadas com os kayaks, nomeadamente se estes forem de fibra. As paredes laterais são arredondadas e o fundo é chato (e profundo), tem uma largura suficiente para inverter kayaks de mar com mais de 5 metros, mas é mais recomendável levar botes de plástico, pois estes facilitam a entrada no canal e a transposição dos vários açudes de desnível, que se transpõem com facilidade. Foi a primeira vez que andei num canal deste género, é uma autêntica pista de treinos. Pelo percurso vai-se apanhando a sombra de algumas pontes de caminhos rurais e de algumas árvores, mas a maioria do percurso é feito ao sol que estava escaldante. A água tem uma qualidade aceitável nalgumas zonas, mas em determinadas zonas (normalmente perto dos açudes) amontoa-se alguma caruma dos pinheiros, dando um aspecto de sujidade. A cor esverdeada da água deve-se ao verdete que está encrustado no cimento, mas ao pegarmos nela vê-se que é translúcida. Molhei-me apenas numa zona mais agradável, devido ao intenso calor sentido. Para fazer este passeio fomos requisitar dois Sit-on-top ao Clube de Canoagem das Águas de Santo André, empresa esta que também é a responsável pelo canal.Um dos botes era um Sit-on-top de kayakSurf (Wilderness Kaos) e o outro o Sit-on-top Wilderness Ripper, o primeiro era uma bailarina, o segundo mais direccionável, mas ambos não andavam (que saudades da fibra), mas esta opção foi tomada para não se riscarem os kayaks de fibra cá de casa e porque esta foi uma 1ª exploração. Entrámos na água em S. Domingos e subimos o canal em direcção a Ermidas. Para espanto nosso o canal tem peixes, sapos, cágados e bastantes aves a tomar banhocas. No percurso realizado existe sempre vegetação a envolver-nos, montes alentejanos abandonados com casario em ruínas e outros reconstruídos. Para a passagem do canal foram cortadas algumas elevações de terra e podem ver-se as várias camadas de sedimentos acumulados ao longo dos séculos, desde pedra, terra/areia, calcário e outros desconhecidos (para mim). O canal tem que atravessar alguns vales e para tal está construído com pontes, foi giro sair da água suspensa e olhar para baixo e ver a paisagem alentejana. Experiência engraçada andar na água no ar.
O percurso rondou os 13 km de ida e volta, pois o meu novo companheiro de águas (Tiago) era um iniciante nestas coisas de pagaiar (mas faz-se) e realmente estes botes cansam um pouco para percursos mais longos. Noutros passeios pela zona já tinha conhecido a entrada do túnel e a respectiva saída na barragem do Morgavel e ficámos com vontade de fazer o percurso subterrâneo noutra oportunidade. Para tal aventura vamos contactar a empresa responsável e pedir-lhes autorização para o fazer ou mesmo organizar uma entrada cavernosa conjuntamente com membros do clube, pois para isso ser feito terá que haver alguma bombagem de água, porque no seu caudal normal a água é pouca para lá andar de kayak. Para outra altura far-se-á também o percurso desde Ermidas até á entrada do túnel, mas aí será com os kayaks de fibra, pois esses ali vão andar a velocidades espectaculares, pois o canal é uma excelente pista de corridas. E assim se passaram mais umas horas porreiras, descobrindo um novo local para pagaiar no nosso concelho.SoulWater

Opções, Alterações e Transformações

Infelizmente o tempo disponível não dá para tudo o que há para ser feito e este blog tem andado desactualizado por esse motivo. Mas tem-se arranjado tempo para pagaiar, ou semanalmente ou quinzenalmente, ora com os amigos, ora com a família. Este ano estava prevista a aquisição de um kayak de águas bravas que também desse para surfar, mas muitas vezes na vida surgem situações que nos levam a alterar o planeado. Foi este o caso. Apareceu um excelente negócio para um K1 de competição, não resisti à tentação e toca de fazer negócio (adiei mais uma vez a compra do bote pequeno). Isto permitia-me também fazer a reconstrução de um kayak, coisa que sempre desejei fazer para aprender mais umas coisitas. O Kayak em questão não estava em muito mau estado, mas necessitava de melhorias e de uma personalização. Peguei então no Nelo Eagle Factor 3 em carbono, do ano de 1999 e meti-o no estaleiro doméstico para dar início aos trabalhos, onde permaneceu durante 3 semanas, pois quando fui tendo bocadinhos é que me dediquei a ele. Esta é a foto do original:
Ainda antes disso e na altura da compra coloquei-o dentro de água para o ensaiar e dou-me conta do cavalo bravo que adquiri. Os banhos sucederam-se e ao fim de quase umas duas horas a tomar banhos lá consegui fazer uns km sem cair (até parecia que tinha vontade própria de se voltar), até …cair novamente ao banho.
Como kayak de competição que é, era todo aberto no seu interior, quando se voltava enchia-se de água e era um martírio para o tirar de lá, bem como a água que ficava lá dentro. Toca de fazer uma divisão em fibra de vidro atrás do banco para isolar toda a traseira (trabalho complicado de fazer sem moldes). Sendo a frente também aberta só foi possível aí colocar uma bóia de flutuação insuflável, lá aproveitei a parte da cabeça de um colchão que andava cá por casa, com um tubo de enchimento que vai até ao pedal do leme, permitindo o seu enchimento quando estamos fora do kayak. Agora pode-se voltar á vontade que já não vai ao fundo, nem faz mais de submarino. O banco de competição era muito elevado, o que potenciava o desequilíbrio, fora com o banco e foi feito um mais baixo e mais confortável.Como cavalo bravo que era e que teimava em deitar-se (com um fundo completamente redondo) precisava de mais estabilidade e para ajudar a um maior equilíbrio toca de lhe pôr uma quilha antes do leme.
Estando a traseira agora isolada e apostando numa transformação que lhe desse um ar de turismo, foi colocada uma tampa estanque de carga redonda em plástico, passando assim a permitir levar carga com fartura. Para melhorar ainda o seu aspecto vai de pôr uns elásticos para carga no casco ou simplesmente levar uma pagaia suplementar.
Para amarrar a corda caça pagaias, foi colocado um elástico á frente do poço. Como gosto de aproveitar o que anda de velho cá pelo estaleiro, quero apenas mencionar que as peças plásticas que suportam os elásticos são as tampas de parafusos de cintos de segurança de carros, que depois de devidamente trabalhadas ficaram a cumprir a sua função na perfeição.
Para facilitar o transporte mais seguro no carro, coloquei umas pegas na proa e na popa, para passar as correias e ir bem amarrado quando ando por aí com os botes a velocidades proibidas por lei, permitindo também um fácil transporte por duas pessoas.O comando do leme é o de competição e para dar mais apoio aos calcanhares alonguei-o até ao fundo do casco, assim os pés vão devidamente apoiados. No seu topo coloquei também um tubo em carbono para aí fixar os dedos dos pés e assim poder garantir um melhor apoio para ajudar na estabilidade e no equilíbrio.
Depois de muito lixar, foi dada alguma fibra para retocar algumas imperfeições que tinha no casco, mais umas lixadelas e estava pronto para pintar. Aqui foi uma das piores partes, pois o estaleiro não reúne as melhores condições como estufa, nem eu sou um grande pintor com este tipo de tintas, mas fiz o possível para ficar razoável. Aqui fica a imagem do produto final:
Não podia faltar o respectivo nome de baptismo e o símbolo dos Amigos da Pagaia, em cada um dos lados, bem como uma fita branca na junção do casco superior e inferior.
Sempre gostei de andar depressa, seja a pé, de carro, de mota, ou de kayak e este anda realmente depressa, daí decidi baptizá-lo com RunWater, pois vai ser possível andar agora dentro de água ainda mais depressa (puxando bem por mim), desde que me mantenha lá dentro, pois o cavalo bravo foi um pouco amansado com estas transformações, mas não deixa de ser bravo, estreito e com um fundo redondo, continuando a exigir dotes de equilibrista. Ficou também um pouco mais pesado, pois o seu peso era de 9 Kg, agora com todos estes acessórios não sei, embora continue bastante leve terei que o pesar para saber o seu real peso. Continua exigente quando se pára de pagaiar (aconselhável fazê-lo nas margens), mas a pagaiar está diferente e mais permissivo e que anda, realmente anda. Agora há que praticar e aumentar os treinos, pois se assim for será possível domá-lo por completo e utilizá-lo para passeios de um dia, levando a respectiva carga. O bote de águas bravas vai ter que esperar mais uns tempitos, ou pode ser que depois desta experiência faça um em fibra de vidro para surfar aqui pelas ondas alentejanas, a ver vamos.
SoulWater