K A P S por Terras Além……………..Tejo


Após o desafio lançado em “Isto está fraco a sul” desorganizou-se um passeio por terras alentejanas, nas já muito pagaiadas Barragens do Alvito e Odivelas, com poiso na Koutada Markádia. O ajuntamento começou na 6ª feira á noite no parque de campismo que fica com extrema na água (a modos que diz: venham para a água) e que prima por ser muito aprazível e sossegado (excepto com acampamentos dos APs).

“Até aqui o tipo não descreve mal, mas que raio o gajo escreveu no título, será que também saiu agora discoteca? Já lhe faltam letras no inicio? Já tá-se a passar!”

Não caros papagaianos, não me tou a passar, eu explico:

K de Kome
A de Antes
P de Pagaia
S de Suavemente, ou seja o produto final:

“Kome Antes, Pagaia Suavemente por terras além……………….Tejo”

Era muito comprido para título, uma trabalheira para escrever com a foice no teclado. Mas espero ter-vos aguçado a apetite para a refeição, perdão, para o passeio que passo a descrever.

Esta Koutada alentejana é engraçada (deve ser uma ONG de apoio a imigrantes) tem um porteiro que dizia que sim a tudo, mas eu acho que ele não entendia metade do que lhe era dito. Nã, não era alentejano tinha uma língua de trapos, mas eu também não entendi algumas das suas respostas e falo três línguas e ao telemóvel. As hostes foram chegando aos poucos e imediatamente após desligarem o carro abriam os sacos de comida e começam a partilhar petiscos, não faltando a grelhada já nocturna, com ementa diversa desde o peixe á carne. A nocturna de 6ª feira foi composta por: Comida, conversa, monta tendas, conversa, beber café, monta tendas, conversa, conversa, dormir (confesso que ainda comi uns chocolates antes de me deitar).

O combinado seria partir da Koutada sábado ás 10 horas em direcção á B. do Alvito, mas estando nós no Alentejo saiu-se ás 10.40 horas, parando em Alvito para satisfação de diversas necessidades (claro que não digo quais, foram todas mui pessoais, das pessoas todas, sabem?) e retomando a viagem para a água cada vez mais atrasados. Embora tendo já dormido nessa noite no alentejo (os ares ainda não se tinham impregnado) eis que o desorganizador Lisboeta tomou a liderança na estrada e para anular o atraso (coisas de lisboetas, nós aqui no alentejo nunca nos atrasamos, o tempo é que vai adiantado) pôs as viaturas a velocidades pouco recomendadas para as estradas alentejanas (eu bem vi, vinha mais atrás e vi, as duas depressões, um desmaio e um sopro no coração provocados nos desgraçados dos animais á beira da estrada, tal foi a velocidez). Uma pequena nota mental de memo: os GPS, por motivos estranhos perdem os pontos todos! As máquinas até são boas, mas talvez pela enorme extensão destas terras além-tejo não funcionam lá muito bem, mas eu prefiro o velho mapa e bússola.

Chegados ao ponto de encontro, já muitos lá estavam. Conclusão: os que vieram de longe chegaram a horas, os que estavam mais perto já no alentejo atrasaram-se, portanto concluo da conclusão: que estes ares têm algo de muito peculiar, pois interferem com as ondas mentais dos que por aqui andam e é impossível de contrariar, portanto ficam a saber por mais que se esforcem, quando estiverem no alentejo aguentem-se a andar devagar, lentinho e por fim parados, o tempo é que tá adiantado.
Abraços, beijinhos, apresentações, reencontros, trocas de barras de cereais, toca de descarregar os botes e partir para o resgate. Já com os carros em Oriola e prontos a regressar junto aos botes um pequeno contratempo, a auto caravana do Sr. Manuel, que nos iria fazer regressar a todos, teimou em deitar-se no campo enlameado e de lá não queria sair (malditos ares até pegam nos carros). Com homens robustos, com situação militar resolvida, com melhor aspecto que a nossa equipa de râguebi, com a intensa massa muscular destes papagaiadores a empurrar (e um pequeno jipe que deu um pequenita ajuda) a dita cuja lá se dignou a sair da lama indo pastar para o local da partida. Antes de partirmos deu para reparar na adesão da frota de K2, num total de cinco, embora dois deles transportassem três. Confusos? Nã, houve quem levasse os filhotes para dentro de água, transformando dois K2 em K2 e meio. Nota: eles transportam os filhos de uma forma estranha, ou no poço de carga ou ainda entre a barriga e a pagaia, o que é certo é que as crianças estavam divertidas. Merecem uma menção honrosa (Diogo e Inês) pois portaram-se como dois verdadeiros juniores APs e alinharam os dois dias dentro de água, onde até deu para bater choco (esta actividade enquadra-se no tópico “Treinamo-los de pequeninos para pagaiarem por nós, enquanto vamos comendo”, para dar continuidade á linhagem navegante). Nota: a repetir mas ainda com mais crianças.

Será que este número de K2 tem a haver com os ares? Acho que sim, para não se cansarem dividem a pagaiada a meias e assim torna-se mais fácil, pois foi vê-los a tomar a dianteira do bando, imprimindo um ritmo inicial de gaz…., aves,…graciosas aves. Os K1 estavam bem representados, como sempre, em número de oito. Búe de gente que podia estar a campinar o meu monte, em vez de estar aqui a dar de beber ao bote (não é nota de memo).
O passeio decorria a bom ritmo, com conversas molhadas, perdão, conversas animadas, até…pararmos para comer o almoço, num local mui in frequentado por bichos abuadores, eram aos kilos e poisavam em tudo o que ali existia, eu até ia comendo duas juntamente com o frango, enquanto havia outros que mui serenos as deixavam poisar em todo o corpo, outros que se agitavam e comiam a caminhar e outros ainda que decidiram almoçar dentro dos botes a navegar. Falo das vespas que almoçaram connosco que de alentejanas nada tinham, pois voavam e poisavam freneticamente em tudo e todos. Embora fosse um almoço volante e agitado, ainda houve tempo e tolerância para cafezinho, fotografias e conversa. Bem nem todos foram tolerantes e foi engraçado ver dois APs a almoçarem dentro de água, sem âncoras a manterem os botes lado a lado, parados e com comida e pagaias entre mãos.

A tarde foi passada a pagaiar com um sol fantástico, com alguns a fazerem os bracinhos todos pelo caminho (têm que digerir o que comem) e o grosso da coluna a seguir no braço central para Oriola: O passeio terminou cedo, ainda com tempo para umas trocas de botes e circum-navegação entre as torres da Herdade das Torres, que estão plantadas dentro de água. No regresso ao parque já nos aguardavam com expectativa, quem? Os grelhadores. Enquanto uns foram a banhos outros foram a brasas. De saudar aqui os quatro grelhadores que estiveram em trabalhos forçados, o exercício e a companhia abrem os apetites e foi a altura de se iniciar a primeira prova nocturna, comer. É uma daquelas provas já viciadas á partida, pois todos são vencedores e quem não é, de certeza que se negou a comer. Iniciaram-se as olimpíadas da grelhada com tudo o que possam imaginar, era comida, mais comida e mais comida que eu nem descrevo ao pormenor para não vos provocar fome ou mau estar. Não faltaram os miminhos como o arroz doce, bolos, figos, nozes e talvez ainda mais algo que comi e não me lembro. Parecia um festim romano, eles comem tudo e não deixam nada.
Não se conseguiu apurar o 1º prémio, o que comeu mais, pois a dúvida permaneceu entre muitas bocas, mas como tudo foi regado com muita conversa, caiu tudo bem naqueles porões.

Com uma noite de lua cheia, surge o próximo desafio, uma nocturna. A maioria empanturrada recusou e apelidou de loucos os três proponentes a irem para a água, que estava ali ao lado. Uma partida da Koutada até ao paredão, com um surfzito pelo caminho, a intenção era beber um café , mas lá chegados e após tal alarido, confrontamo-nos com o café fechado e com um grupo de alentejanos em festa, bebendo, falando e de grelhador acesso e mais…comida. Nã mais comida não. Fugindo ao pecado, partimos contornando o paredão e rumando pelo corpo central da barragem até ao seu topo, tínhamos que fazer a digestão. Não fosse Odivelas o passeio do dia seguinte, tínhamos feito tudo naquela noite (havia energia acumulada para isso). No regresso ao parque esperávamos encontrar o resto do pessoal numa festa desenfreada, não dando descanso aos imigrantes, mas…o silêncio imperava (ou a porra dos ares batera-lhes na cachimónia e foram todos dormir ou a quantidade de comida ingerida caiu na moleza). Parece que a agitação foi toda dentro de água, pois fora já estavam dentro de sacos camas quentinhos e reconfortantes.

A alvorada no Domingo foi á hora que devia ser (não sei bem qual, pois na madrugada anterior a hora mudou, mas era tarde), tendo os presentes mantido o fuso horário antigo (no alentejo as mudanças de hora chegam mais tarde). Não fomos á missa porque não havia igreja, e quem não cuida do espírito tem que cuidar do estômago, hora do pequeno-almoço. Rumando para o sentido oposto ao paredão, fez-se um braço á direita onde tivemos encontros imediatos animalescos, ora com bons nacos de carne (leia-se vacas), ora com estridentes bifinhos (leia-se perus) que durante algum tempo ficaram pasmados a galar-nos e a tirar-nos fotos, era estranho tanta gente dentro de água em cima de tantas coisas colorida, que os perus ficaram vidrados em nós, pasmados com tantos botes atracados na sua frente. Mas como bons perus alentejanos receberam-nos com simpatia e conversa aguçada, até nos atiraram pão e barras de cereais, mas mantiveram a distância, pois viram nos nossos olhos que perto de nós seria tacho na certa, os bichos são espertos.

No segundo dia para além das crianças juntou-se-nos uma adolescente, que nos veio estragar o bom nome de “grupo de Kotas com nomes esquisitos” e lá andou a pagaiar connosco. Ficámos a ser só um grupo com nomes esquisitos, isto porque se pretende alargar o grupo a mais adolescentes/crianças, deixando que escolham eles os seus nicks esquisitos. De salientar ainda a presença de dois lisboetas que decidiram ir sozinhos pagaiar a Odivelas no seu SOT e que preferiram juntar-se e participar na nossa desorganização. Pelo que sei gostaram, pois até já voltaram a participar noutra desorganização lá para os lados de S. Pedro. Rumando para o braço esquerdo (com umas buchas pelo caminho), chegámos ao limite do braço, havendo quem quisesse enterrar-se na lama (á semelhança de uma auto caravana) talvez porque a lama alentejana tem propriedades sujas e lamacentas que atraem, deve ser porque quando lá chegamos ficamos enterrados e parados. Outro momento inédito foi ver três mulheres a navegarem dentro de um kayak e o desgraçado embora nelo lá as levou a bom porto. Como não iniciamos cedo, a hora de almoço já tinha passado e foi vê-los a pagaiar energicamente em direcção ao parque, para o almoço que é sempre á hora que um homem ou mulher querem.

Outro momento lúdico e ó desportivo…comida, outro almoço, outra digestão. As horas passaram e alguns decidiram começar a empacotar os botes, outros decidiram dar o banho da tarde e fazer mais uns bracitos. Despedidas e promessas de breve reencontro, lá partiram cinco almas pagaianas para tomar um café ao paredão. Atracar na areia foi complicado, tal era a frota de kayaks, mas com um chocolate com passas lá se convenceu o arrumador a arranjar uns lugares juntos. Entre conversas lá escorregaram os cafés e uns gelados. Nota para memo: Os porões dos APs têm grande capacidade de carga.
De regresso ao parque a debandada já tinha sido geral e os que sobraram já carregaram os botes com o cair da noite (coisa tipo nocturna). Beijos, abraços e promessas que vamos á missa em Santa Clara, pois como somos um poço de pecados, nomeadamente no que concerne á gula, vamos lá pedir perdão pelo nosso pecado e com certeza se comermos mais ficamos perdoados pelo que já foi comido.

Espero ter sido suficientemente maçudo para que repensem quando se lembrarem de me pôr novamente no relato, lembrem-se deste e ponham-me antes uma grelhada entre as mãos.
“Possa, o gajo acabou!”

Hááá, ainda faltaram aqueles pormenores, que são sempre importantes (ou talvez nim), no 1º dia fizeram-se perto de uns 20 km, na nocturna não faço ideia e no segundo dia (mais para uns e menos para outros) rondaram talvez outros 20 km. Tentei contabilizar os kilos de calorias ingeridas no passeio, mas as minhas capacidades lisboetasÓalentejanas ficaram esgotadas e confusas depois de escrever tudo isto com duas foices.

SoulWater

Fotos http://picasaweb.google.com/soulwateri/BarragemOdivelas

http://picasaweb.google.com/soulwateri/BarragemAlvito

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