RIO TEJO (Parte 2) A Descida

Foi um cedo erguer e ainda de noite lá parti do profundo Alentejo em direcção à Barragem do Fratel, local de encontro das três almas que se propuseram a descer o Tejo.

Entre o reconhecimento e a descida, foram encetadas várias conversações em relação aos planos e embora fosse decidido aumentar a coisa para cinco dias, decidimos que depois de lá estarmos logo se via os pormenores.

Há uns tempinhos que não via o nascer do sol, mas a longa viagem deu para saborear o raiar do dia com diferentes paisagens. Á hora marcada lá estavam eles, prontos para irem para dentro de água, ainda sob um ligeiro nevoeiro com tendência a desaparecer.

A 1ª decisão in loco foi descer desde o paredão de Cedillo até ao do Fratel, onde deixamos dois carros e partimos noutro. A chegada ao Fratel foi rápida graças a uma veloz SW que carregava os 3 kayaks e equipamentos, o local de partida foi o planeado, com um fácil acesso á água. Na entrada cuscamos logo todo o paredão, conscientes que se os espanhóis abrissem aquela coisa estávamos feitos, mas deu para tocar no cimento e vaguear por entre o mesmo sem stress. Entre montanhas lá partimos a um ritmo calmo, também para nos apercebermos da velocidade de cada kayak e respectivo remador e pouco tempo depois já tínhamos avaliado como iria ser, a paisagem era agradável e alta, densa vegetação sem viva alma, um paraíso só para nossa delícia. A galhofa e diversão começou e prolongou-se pelos dias seguintes. A primeira paragem foi feita em Vila Velha de Ródão, para comer algo ligeiro e saborear a beleza da paisagem, agora o cheiro é que era desagradável e parece que é sempre assim, fruto da indústria local. A imponência das portas de Ródão foi acompanhada de vento, que levantava umas ondas engraçadas, menos engraçado foi o vento estar sempre contra nós durante todo o percurso, o frio era suportável e o sol foi-nos brindando com a sua presença. O almoço fez-se perto de Santana, onde houve lugar a comida quente e a sesta em cima de armadilhas de pesca, local que pareceu confortável para a soneca ao sol.

O dorminhoco de serviço quando acordou em lugar da respectiva pagaia encontrou um remo de madeira, jeitoso por sinal embora algo pesado, fruto de partida brincalhona de dois sem sono, após procura infrutífera lá lhe foi dada a original, recusando o novo dono a pertença do novo remo, que por lá ficou para futura brincadeira.

Como nos atrasamos na refeição e na soneca, lá tivemos que dar ao braço para não chegar á noite. Foi altura de cada um imprimir o seu ritmo e avaliarmos as diferenças de andamento, tínhamos uma lebre de fibra, um coelho de fibra e um coelho de plástico, ou seja dava um três em linha, todos com velocidades diferentes, embora grande parte do tempo andássemos juntos momentos houve em que o três em linha fez-se notar, havendo sempre lugar a reagrupamento. Ainda a uns 5 quilómetros do Fratel encontramos um kayakista a solo que rumava no sentido oposto ao nosso, após um breve cumprimento e troca de incentivos continuamos a pagaiada até ao paredão, havendo tempo para umas fotos e conversa fiada. Este 1º dia deu para nos irmos conhecendo melhor e concluir que o bom espírito e camaradagem se iriam manter pelos dias seguintes. Chegados ao Fratel, ainda deu para conversarmos com um motoqueiro que por ali estava, apreciar a paisagem e ver a chegada do kayakista que ali andava a solo, que pela cara que fez pensou de certeza que éramos malucos para estarmos a descer o Tejo com este grease. Carregados os kayaks, teríamos que ir buscar o carro que estava em Cedillo e rumar para o acampamento, que decidimos que seria no Parque de campismo de Ortiga, pois o frio já se fazia sentir e queríamos era um banho quente. Um rumou para o parque para guardar lugar e os outros foram para Cedillo. Logo a chegada destes foi já de noite a Ortiga. Começamos com um bom banho, jantar e montagem de tendas. O frio era intenso e começamos a achar que realmente éramos doidos para ali estar com aquele tempo, o grelhador de serviço lá aqueceu um pouco o ambiente e após conversa longa a deita era desejada. Dois numa tenda e o outro sozinho noutra e fomos para o choco, pessoalmente preparei-me bem para o frio, não fossem os dois sacos cama, a roupa reforçada e barrete na cabeça iria ter frio de certeza. Os dois que partilharam a tenda dormiram bem, agora o desgraçado que dormiu sozinho diz ter rapado frio intenso, mas aprendeu a lição, pois na 2ª noite arranjou um local excelente para dormir lol.

A partida no segundo dia não foi a horas muito recomendáveis e ainda tivemos que conduzir até ao Fratel, embora a partida estivesse planeada para ser na Amieira do Tejo, um dos elementos teimava que o local tinha fácil acesso, fizemos-lhe a vontade e fomos ver. Era uma encosta bem acentuada, ainda por cima cheia de calhaus, mas mesmo assim fomos até lá ao fundo (sem kayaks) para avaliar a coisa, ou seja algo impróprio para descer com os botes. Uma vez lá no fundo e em vez de regressar pelo caminho mais acessível, fui desafiado para uma escalada por entre a ravina de pedras, não resisti e o dia começou com uma escalada de pés e mãos e no fim não havia frio nenhum, antes um calor intenso provocado por aquela íngreme subida, foi a 1ª aventura do dia.

Posto isto, rumamos à Amieira para a entrada na água planeada, local de facílimo acesso e de plena beleza. Da Amieira partimos em direcção ao paredão do Fratel, aqui mudamos o nome deste passeio, pois estávamos a subir o Tejo e não a descer. A paisagem é muito mais agradável e bonita do que a do 1º dia. Chegados ao paredão lá tivemos que tocar no cimento, acho que ansiamos que eles abram as comportas para nos ajudar a vir por aí a baixo, mas mais uma vez não aconteceu e após por ali circularmos e fotografarmos iniciamos novamente a descida. Ainda fomos explorar um braço de um riacho, com uma beleza verdejante, mas este caminho revelou-se tortuoso e quem lá deixou um bocado na rocha foi o homem destemido do plástico, ficando o topo da rocha plastificada. Chegados à Amieira paramos para o almoço, local com mesas, fonte e de excelente paisagem, como o almoço era de refeição quente, quem não aderiu á moda toca de dormitar ao sol novamente. Mais uma vez uma refeição demorada que depois do atraso já ganho pela manhã iria impedir uma chegada ao paredão de Belver diurna. Logo na partida deparámo-nos com o primeiro açude navegável e com corrente, um pequeno rápido que exigia uma escolha de caminho para os fibrados, mas que foi bom de se fazer e ultrapassado sem riscos. A paisagem é muito agradável e mais diversificada e bonita do que no dia anterior, deu para ver por algumas vezes lontras e até um casal de lontras que brincavam destemidos na margem a poucos metros de nós. Há passagem pelo Castelo de Belver o dia começava a escurecer e como não tínhamos faróis tivemos que dar ao braço, o que já não evitou chegarmos de noite, afinal sempre fizemos uma nocturna. O vento não nos favoreceu e o frio fez-se sentir ao final do dia e entramos pela areia a dentro da praia fluvial de Ortiga num breu nocturno com um frio de rachar. Faltavam-nos ainda duas viagens, ir buscar o carro à Amieira do Tejo e colocar outro em Constância e regressar para a dormida em Ortiga. Esta opção de desejar ter os carros sempre perto deu trabalho e fez-nos fazer muitos km, mas também se revelou compensatória no sentido de ter-mos sempre tudo á mão sem andar a carregar tudo nos kayaks. Mais um acampamento no parque de Ortiga, mais uma grelhada, mais muita conversa e mais uma dormida. O friorento da noite anterior não quis voltar a sofrer e toca de arranjar um sítio quentinho para dormir, pois os vapores largados de muitos banhos e com portas e janelas fechadas até parecia que estava em casa, pois é o que já perceberam, pegou no colchão e saco cama e toca de ir dormir para a casa de banho, o duche para os deficientes estava sequinho e era a assoalhada maior, local perfeito para uma boa pernoita e um bom sono. Bem podia ter sido melhor, não fosse a meio da noite por lá aparecer um velhote que foi fumar e incomodar o nosso campista de WC com o fumo, o homem ficou danado pois não suporta fumo de tabaco, mas que dormiu sem frio, lá isso dormiu.

Já com algum cansaço, esta gente deixou-se dormir pela manhã e a partida de Belver foi quase ás 11 da manhã, horários era coisa que não se estava minimamente a cumprir, mas teríamos que estar ás 17.30 H. em Constância no Posto de Turismo para nos abrirem o Parque de Campismo ou então dormiríamos na rua, sem banhinho quente e sem outros confortos. Lá entramos na água, um frio de rachar, a chuva a cair, um vento terrível de proa e a corrente que aqui deveria existir (pois não havia mais barragens pela frente) pura e simplesmente não existia, ou a senti-la era a andar para trás. Enfim tivemos um dia terrível, nada agradável, sempre molhados e com frio. Esta parte do Rio foi a que apesar de tudo mais gostei, quer pela beleza da passagem, quer pelo rio se apresentar mais estreito, quer pelos muitos açudes que passamos a navegar ou a pé, infelizmente o mau tempo e o tempo contado ao segundo não deram para apreciar devidamente a beleza, as paragens quase não existiram e foi um percurso sempre em esforço e ao ritmo máximo. As distâncias entre nós iam aumentando e passamos quase todo o percurso os três em linha, havendo reagrupamentos nalguns açudes, bem como umas ultrapassagens, esta é uma parte adequada aos kayaks de plástico devido aos muitos açudes e pedras, exigindo mais atenção aos pilotos de fibras, mais passagens á mão, mais paragens para ver se não tinham partido com as pancadas, demorar mais para escolher os caminhos, enfim os fibrados ganharam mais uns valentes riscos mas nada que comprometesse a fiabilidade e navegabilidade das grandes máquinas, a determinada altura já nem me importei muito com a fibra, era pagaiar e siga.

Mas até o de plástico sofreu uns bons lanhos, quando começou estava como novo, quando terminou já lhe faltavam uns bons bocados, mas que se portou muito bem portou, até o açude do Pego desceu, excelente barco e com bom piloto náutico, que embora tenha ficado parado em cima de uma pedra a meio do açude com uns bons saltos de rabo acabou por o descer. Aí a fibra teve que ir á mão, ou teriam lá ficado de vez. O Almoço foi feito tardiamente em Abrantes, na praia local debaixo do chão dos restaurantes ali situados e que bom abrigo, pois chovia desalmadamente e o vento enregelava todos os ossos, mesmo assim não se perdeu o hábito da refeição quente, mas hoje sem soneca e sem percas de tempo. A parte do percurso que mais gostei foi esta, desde Belver até Abrantes. O Açude de Abrantes tinha as comportas todas abertas e a altura era agora bem maior do que a vista de cima aquando do reconhecimento, portanto só restou sofrer mais um pouco e carregarmos os kayaks á mão para a transposição. O atraso matinal, o terrível tempo (ou tempestade) e os muitos açudes fizeram-nos perder muito tempo e estávamos muito atrasados para chegar a Constância, portanto os fibrados resolveram pagaiar e dar gás para chegarem á chave que nos daria um banho quente, ficando o plástico para trás mas sempre á vista. Nesta parte o rio apresenta muitas zonas baixas onde tem que se navegar com cuidado pois embora haja muitas zonas de areia, existem também muitas de pedra. As margens são baixas com muitos locais agradáveis para paragens, infelizmente não as podíamos fazer, bem como as fotografias que foram deixadas de tirar pois as máquinas não aguentariam a chuva. Com esforço de braços e já cansados lá chegámos ao posto de turismo ás 17.31 H., altura em que as funcionárias já estavam de saída, foi por um triz, mas conseguimos garantir o banho quente e o quarto para dormir. Entretanto lá chegou o homem do plástico, mais descansado mas molhado. Nesta parte do rio quero realçar uma corrente de água que desci, que era forte e exigiu destreza de braços para não me enfiar contra um calhau e que nestas manobras tive o prazer de me confrontar com duas lontras que subiam o rio e que passaram a uns 20 a 30 cm de mim, adorei ver aqueles animais a nadar e a enfrentar a corrente, bem como a passarem tão junto a mim sem se assustarem e nesse preciso momento ao tirar a cabeça da água uma delas olhou-me nos olhos e prosseguiu, momento de beleza pura.

Chegados ao Parque de Constância, tivemos que voltar a Ortiga para ir buscar os outros dois carros. Depois deste terrível dia o banho quente soube mesmo bem, bem nem para todos, pois houve um que não tomou pois a água ficou fria, uma torneira pifou e não se conseguia fechar, estávamos em dia negro. Como o parque estava por nossa conta desenrascamo-nos fechamos a torneira de segurança e demos traulitada na maldita torneira até ela fechar de vez. Com tanta peripécia já não havia paciência para cozinhar e fomo-nos deliciar com um bom jantar num restaurante local, enfim descanso, comida e muita conversa. Regressados ao parque fomos brincar com um atrelado cheio de kayaks, mas a coisa correu mal, quem é que depois segurava o atrelado no sítio, enfim uma cambada de doidos lol, decididamente não foi o nosso melhor dia. O cansaço era tanto que montar tendas estava fora de questão, dormir nos carros não dava jeito com tanta tralha por lá, a melhor opção foi dormirmos todos no WC multiusos. Pois foi, literalmente acampamos lá dentro, só lá faltou guardar os kayaks, pois até mesa e cadeiras tínhamos para o pequeno almoço, quartos individuais e aquecimento central de chuveiro (pois voltou a água quente). As indicações que os locais nos deram é que no dia seguinte o tempo estaria igual (tempestade) e começamos a pôr a hipótese de abortar a operação, pois não tínhamos ido para ali para sofrer, mas para nos divertirmos e pagaiar. Fomos dormir com a ideia amanhã se vê. No dia seguinte ninguém acordou cedo, tudo ferrado e com algum cansaço acumulado. O tempo até estava calmo e sem chuva, mas depois de um longo e bom pequeno almoço cancelamos o resto da descida, para continuá-la quando o tempo estivesse melhor. Realmente esta data não foi a melhor para este percurso, mas como metemos na cabeça que tinha que ser este ano e somos teimosos, foi a data possível. Ainda se foi até ao Castelo do Almourol, a Vila Nova da Barquinha em passeio e depois fomos almoçar a Valada, de onde seguimos para casa. Foram dias muito bem passados (apesar do mau tempo), bom companheirismo, boa diversão, belas e agora conhecidas paisagens e muitas mais peripécias que por aqui nem mencionei nesta já muito longa descrição, enfim vamos lá voltar no futuro e fazer a descida do inicio ao fim, será a 3ª Parte, mas com bom tempo.

Mais fotos em http://picasaweb.google.com/soulwateri
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RIO TEJO ( Parte 1) Reconhecimento

Como já mencionei fui picado para participar numa autonomia no Rio Tejo, com entrada no paredão da Barragem Espanhola de Cedillo e com o final em Alverca, um percurso de 190 km por quase todo o Rio em Portugal. O percurso até á foz foi descartado porque a partir de Alverca o rio já não tem muito interesse paisagístico e o interesse principal centra-se no seu percurso inicial. Esta autonomia estava para ser feita a solo pelo amigo Ciclista, mas essa ideia do solo era um bocado difícil, descabida e sofredora, pois este percurso revela algumas dificuldades que só são facilmente ultrapassadas a dois. Como a ideia da aventura e descoberta deste percurso me agradava encetei conversações para concretizarmos pelo menos os dois esta descida. Começou-se por definir o percurso e as datas para a realização do mesmo, agendadas para 22, 23, 24 e 25 de Novembro. Comecei o estudo do percurso através de alguns mapas e do Google Earth, mas embora sendo uma excelente ferramenta tem algumas limitações, ficando várias dúvidas por esclarecer, restava uma solução, pormo-nos a caminho e fazer o reconhecimento in loco de todo percurso.

Foi o que combinamos para dia 9 de Novembro, ás 6.50 da manhã já estava em Alverca para me juntar ao Nuno e começar o reconhecimento. Começamos pelo fim e fomos ver a rampa prevista para a chegada, em Alverca junto ao clube náutico local. Um bom local com saída facilitada pela rampa de cimento e sem lodo.


Metemo-nos á estrada sem cumprir limites de velocidade pois um único dia seria curto para vermos todos os locais importantes a reconhecer. A 1ª paragem foi feita no paredão da Barragem do Fratel, eram quase 9.00 horas e ainda se fazia sentir um nevoeiro denso e um frio de rachar.

Junto do paredão resolvemos chamar um dos funcionários da barragem e pedir-lhe algumas dicas. Ficámos logo com a indicação da saída antes do paredão e como voltar a entrar logo após o mesmo. A saída seria muito fácil pois existe uma rampa uns 200 metros antes do paredão, onde acedemos com carro. Agora a reentrada não se vislumbrava fácil, pois desde a estrada que nos leva até lá abaixo existe uma zona ainda extensa de muita pedra grande, que dificulta ali caminhar carregando os kayaks e equipamentos, não impossível mas difícil. A outra opção seria passar por dentro da barragem (o funcionário disse-nos que autorizavam) e descer umas escadas de ferro extremamente íngremes, difíceis de descer com os nossos compridos e carregados kayaks, a 1ª opção seria melhor. Resolvemos rumar à Amieira do Tejo, pois caso não quiséssemos entrar logo após o paredão teríamos já inspeccionado outra possível entrada uns 3 km após o mesmo.com a indicaçir-lhe algumas dicas.as is importantes a reconhecer. unto ao clube n Realmente na Amieira a entrada seria fácil e ficamos em pensar se entraríamos após o paredão ou na Amieira, algo a decidir posteriormente.

Arrancamos em direcção à Barragem de Cedillo, lá chegados encontramos logo uma estrada de terra á esquerda que nos leva ao fundo do paredão, onde a entrada na água se faz facilmente. Tiradas umas fotos do local, subimos e fomos ver a barragem já em Espanha. Para passar a fronteira passa-se por cima do paredão e vê-se a confluência do Rio Tejo com o Rio Sever, rodeados por uma bela e densa vegetação.

Feita esta parte inicial, toca de ripar para a barragem de Belver, onde passamos por cima do paredão e fomos para a praia fluvial ver a local de chegada neste local. Esta zona é também fácil e acessível para sair. Vimos igualmente o parque de campismo de Ortiga e fomos fazer o almoço tipo pic-nic á beira de água. Após o cafezito fomos inspeccionar o local de reentrada após o paredão de Belver, por um caminho de terra que facilita a entrada na água.Uma residente que por ali estava pegou á conversa e disse-nos que um dos seus maiores sonhos seria descer o Tejo todo de canoa, ao ver aquele olhar e ao sentir aquele desejo quase que tive tentado a convidá-la a vir connosco, era uma mulher que aparentava uns sessenta anos, mas ainda cheia de genica e de vida. Afinal o gosto por andar na água alcança imensas gerações neste país, mesmo aquelas que nunca experimentaram a canoagem. Toca de pormo-nos á estrada e conduzir ao longo do rio em direcção a Abrantes, onde ainda antes fizemos algumas paragens para observar o rio e tirar mais umas fotos. Junto à Central do Pego existe ainda um açude de pedra, que teremos que transpor pelas mesmas, pois as margens não permitem a passagem, mas nada que não se faça na boa. Chegados a Abrantes fomos até junto do açude insuflável para estudar a passagem do mesmo, uma das zonas estava aberta e a água corria livremente, pela altura do açude (cerca de um metro a metro e meio) daria para saltar com os kayaks, mas não deu para perceber se é fundo ou não após o salto, caso não queiramos arriscar no salto, o açude passa-se muito bem pela margem direita, saindo e andando um 150 metros e voltando a entrar na água, no dia veremos se saltamos ou contornamos.
Conhecido o percurso até aqui seguimos para Constância, onde fomos ver o parque de campismo e o local de saída da água junto ao mesmo. Aqui teremos que entrar uns 800mt adentro do Rio Zêzere para atracar, sendo a saída fácil e o parque perto. Mais estrada, agora em direcção ao Castelo do Almourol para ver aquela bela paisagem e tirar umas fotos do imponente castelo. Outra vez para a estrada agora em direcção a Alverca. Não parámos em Santarém, pois o ponto de pernoita nesta zona já tinha sido definido no Google Earth e não há estradas para lá chegar. Durante toda esta longa e movimentada viagem, conversamos imenso sobre o passeio e formas de o fazer e sobre muitos outros assuntos, dando para aprofundarmos ainda mais a nossa recente amizade. Depois ainda tive que fazer mais uns bons km para chegar a casa no Alentejo. A partir daqui temos acertado pormenores pelo telefone e a aventura está quase aí à porta para nossa delícia.
Depois farei aqui a descrição desta aventura, com um bom complemento fotográfico, pois a paisagem já vista é muito bonita e ainda há mais beleza para descobrir e pagaiar.

Barragem Pego do Altar

No dia 25 de Outubro lá reunimos um grupo de seis amigos cheios de vontade de pagaiar e fomos até ao Pego do Altar para mais um passeio. O ponto de encontro e de entrada na água seria junto ao paredão, mas a barragem apresentava um nível tão baixo, que no local da habitual entrada deparamos com uma ravina, imprópria para pôr os botes na água. Fomos procurar um lugar mais acessível junto de Santa Susana, não sem antes pararmos para beber um café e começarmos a botar a conversa em dia.
Lá entramos dentro de água mais tarde do que o combinado, não só pela mudança de planos, mas porque há sempre um alentejano que teima em atrasar-se. Já no braço esquerdo da barragem, estacionamos os carros junto á água e começou a azáfama habitual, rumando depois para o fim do mesmo braço. Nunca tinha visto esta barragem tão vazia, na zona onde entramos o misto de terra, pedras e areia era extenso e longo, e depois as ravinas sucediam-se á nossa volta. Realmente a mesma barragem pode nem parecer a mesma quando alterna entre vazia ou totalmente cheia, parecem locais diferentes. O braço esquerdo terminou muito antes do que é habitual, com um terreno bastante lamacento, onde invertemos e rumamos para o paredão, em muito pouco tempo se fez todo o braço. O ritmo da pagaiada variou entre o passeio e por vezes com maior rapidez, ao sabor das agradáveis conversas e brincadeiras. Já no paredão retomamos para o braço principal, o mais longo, procurando um local que permitisse atracar e almoçar.
Foi um almoço que demorou a chegar, pois não havia meio de encontrarmos um local acessível, sucedia-se ravina atrás de ravina. Já praticamente a meio deste braço lá nos deparamos com um local para desembarque e para o respectivo almoço, pois para alguns a fome já era negra. Entre tachos e sandes os temas das conversas foram sempre diversificados e alegres. Ouve lugar para cafezito e para trabalhar o bronze pois o sol estava no ponto. A conversa prolongou-se e a reentrada na água lá se fez um pouco tarde, continuando na direcção do braço principal, mas uns metros mais á frente a existência de um braço á direita levou-nos a percorre-lo e a regressar para o local da partida, pois queríamos fazer uns ensaios dos vários botes presentes e os dias estão cada vez mais curtos. Tivemos a estreia de uma nova kayakista inscrita por estes dias nos Amigos da Pagaia , a Anke uma alemã que mora pelos alentejos e que nunca tinha andado em kayaks de mar (embora nos tenha dito que anda de kayak desde os 5 anos), estreou-se num K2 durante o dia inteiro.
Tive o prazer de conhecer o Ciclista (Nuno) que começou a desafiar-me para a descida do Rio Tejo em Autonomia, ficou cá o bichinho para a coisa. O RuiAlturas também compareceu após uma longa ausência fora de água, tal era a cegueira que andou quase sempre a navegar á frente do grupo, com tanto desejo de pagaiar não entendo como se atrasa sempre nas partidas de casa. O fotografo de serviço o Quim, foi ficando quase sempre para trás para efectuar o relatório fotográfico do passeio, o que levou a esperas para reagrupamento, mas permitiu muita conversa e poses para os clicks. O Carlos como é seu hábito brindou-nos com a sua boa disposição e com a sua boa conversa, é sempre um prazer escutá-lo e dialogar com ele, pois aprendemos sempre um pouco mais.
Eu, que gostei de ali estar com todos e pagaiar de K2 com a Anke, embora a fantasia que tinha é que eu iria de ter que puxar por ela, porque ela nunca tinha feito passeios com mais de 8 km num dia e como o passeio teve uns 25 km achei que estava tramado, mas enganei-me, revelou-se uma boa canoísta e atinou de imediato com o ritmo que um K2 exige, chegando ao fim do dia ainda cheia de genica para andar e experimentar os K1 todos. Não resisti também a experimentar todos os K1, embora tenha gostado de todos, adorei um em especial o Goltziana Piranha, máquina que já andava curioso de ensaiar á algum tempo e que ficou no goto, um bote que gostaria de ter, quem sabe um dia para aumentar a frota. Foi mais um dia muito bem passado dentro de água, com poucos mas bons Amigos da Pagaia.

2º Encontro Nacional dos Cee`Derados

Não posso deixar de aqui mencionar o 2º Encontro Nacional dos Cee`derados, que decorreu a 18 de Outubro. O Encontro começou em Constância, rodeados pelo Rio Zêzere e pelo Rio Tejo, com almoço no restaurante Trinca Fortes. Muita conversa, bom convívio, reencontrar velhos amigos e conhecer outros e respectivas famílias. Questionam vocês o que um encontro de carros tem a haver com este blog. Tem a haver pois não resistimos a andar dentro de água, não nos nossos tradicionais kayaks mas num barco em pleno rio Tejo.

É verdade eles têm bom gosto (todos tinham um Kia Cee`D) e ainda gostam de navegar. O percurso foi curto, decorreu entre a margem e o bonito castelo do Almourol, pois foi aí que fomos fazer a digestão e passear pelo castelo. Teve que ser o local eleito para a foto de família.

Ainda fomos até Vila Nova da Barquinha para o lanche já tardio e como não podia deixar de ser mais conversa e confraternização, sempre em fila com as nossas máquinas. Enfim um dia muito bem passado na companhia destes amigos Ceederados, aguardamos pelo 3º Encontro. Um site para visitar e ver belas e boas máquinas: http://www.createforum.com/ceederados/index.php?mforum=ceederados .

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Ribeira de Odelouca , Rio Arade & Mar em Portimão/Alvor

Estando uns dias de férias por terras algarvias, aproveitei para conhecer águas ainda não navegadas até hoje. No Algarve apenas tinha pagaiado no mar na zona de Lagos (Lagos - Praia da Luz - Lagos) e no Rio Guadiana (Alcoutim - Vila Real de Santo António).
Chegara agora a vez de conhecer as águas em redor de Portimão, misturando água doce com água salgada. O passeio foi organizado tendo em conta as marés, pois na Ribeira de Odelouca e no Rio Arade precisava de maré-cheia para navegar. A entrada na água foi na Ribeira de Odelouca na ponte da E.N. 124, aqui a ribeira é estreita mas passados poucos km começa a alargar por entre a serra algarvia, com uma paisagem engraçada mas não exuberante em termos de vegetação. Acompanhado com bastantes aves e muitos peixes saltadores (um deles até deu uma cabeçada no Murano) rumei a sul até encontrar a confluência com o Rio Arade.Aqui fiz um autêntico gancho e comecei a subir o Rio Arade até Silves. As margens da ribeira e do rio são como no Rio Mira, lodosas e com vegetação densa dificultando as paragens, mas lá fui encontrando sítios onde parar para esticar as pernas e encher o estômago. Ao chegar á cidade de Silves, fiz uma pequena paragem e retomei a pagaiada, pois tinha que repetir o caminho no Rio Arade para chegar a Portimão. No percurso fui-me cruzando com pequenos barcos com turistas que me acenavam fotografavam e sorriam, algo que até foi estimulante para continuar a dar ao braço sozinho e fazer os km que ainda faltavam. Chegado novamente á confluência dos rios rumei a sul, mas antes da ponte da A23 entrei por um braço á esquerda para visitar um local previamente visto no Google. Refiro-me ao Sitio das Fontes um local com o moinho da maré que foi tornado numa praia fluvial. Este local é bastante agradável pois para além da água que o rodeia dispõe de local de merendas, anfiteatro ao ar livre, parque com baloiços para as crianças e o casario tipicamente algarvio, um espaço muito bem cuidado e arranjado, onde aproveitei para ir ao banho.
Aí ainda fiquei á conversa com um pescador (da cidade de Almada) que também estava de férias e que mostrou interesse na compra de um kayak para passeios e para a pesca. Lá lhe dei uns conselhos e recomendei uns sites para pesquisas, talvez um dia nos voltemos a encontrar dentro de água. Novamente de partida, agora para Portimão/Ferragudo. Logo após a passagem da ponte da A23, deparo-me com um local de culto entre as rochas e somente com acesso por água, nada melhor que a respectiva foto para ilustrar tal imagem.A partir daqui o Rio Arade alarga bastante, mantendo-se assim até ao mar, zona esta com bastante movimento de barcos e motas de água. Passagem por baixo da ponte da E.N. 125, imponente com os seus dois mastros e boa acústica para ouvir a nossa voz em eco. A partir daqui vão-se encontrando marinas bem cuidadas e casario velho e degradado, imagens que já são típicas ao longo dos rios de Portugal. Passagem por nova ponte, agora a do comboio e logo a seguir a ponte que liga o Parchal a Portimão, esta a passar por obras de manutenção. Daqui rumei á Praia Grande (Ferragudo) para fazer uma visita á família que lá se encontrava a banhos de água e sol. De realçar o belo Castelo do Arade á beira-rio plantado.
Aproveitei para um banho refrescante pois o sol estava quente e tinha decidido ainda ir fazer uma visita ao mar. Saí a barra e rumei em direcção á Praia do Alvor/Praia dos Três Irmãos, mantendo-me perto da margem para apreciar as praias e as zonas rochosas que por ali abundam. Sinceramente gostei mais desta paisagem, quer pela zona rochosa e diferentes formas esculpidas pelo mar, quer por boas praias repletas de gente. Chegado á praia do Alvor parei para retomar energias e preparar o regresso, pois para além da ondulação do mar tinha ido contra o vento. De salientar que em todas as paragens que fiz pelas praias o Sipre Murano foi sempre alvo de curiosidade e de comentários elogiando a sua beleza. Tornei a entrar na barra sempre atento ás embarcações que por ali entravam e saíam a ripar. Rumei á praia onde a família me esperava, altura para mais um lanche, um banho de água e outro de sol. E assim terminava este passeio por terras algarvias, perfazendo um total de 40 km . No dia seguinte não resisti a subir e descer novamente o Rio Arade (da Praia Grande-Ferragudo até ao Sitio das Fontes e respectivo regresso) mas para variar aproveitei a maré vazia para mudar um pouco a paisagem vista no dia anterior e tirar mais fotos. Um passeio de 16 km que embora sendo uma repetição de paisagem foi agradável, permitido tomar umas banhocas refrescantes em sítios diferentes. Gostei de navegar por estas águas doces e salgadas, mas sem dúvida a parte mais bela para mim é o trajecto de Portimão ao Alvor, por ser um percurso de mar e pelas belas rochas e recantos que estas formam. Não sou apologista de idas para o mar sozinho, mas desta vez valeu bem a pena correr este risco de por ali andar e deliciar-me por entre rochas e rochedos. Para terminar, umas palavras sobre a nova máquina que nos leva a passear confortavelmente, a satisfação é completa e cumpre maravilhosamente a função de nos levar a todo o lado, tendo pujança para rebocar a casa rolante, carregar kayaks , a família e provou que ainda levava mais se fosse preciso. Claro que me refiro á nossa bela Back in Black - Kia Cee`d SW.
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Passeio no Canal do Morgavel

O canal do Morgavel tem uma extensão total de 38 km, inicia-se em Ermidas-Sado de onde recolhe água do Rio Sado e prolonga-se até á Barragem do Morgavel, para fazer o abastecimento de água da mesma. Situa-se entre o Concelho de Santiago do Cacém e o de Sines. O canal é feito em blocos de cimento pré-fabricados, tem uma extensão de 25 km ao ar livre e uma extensão de 13 km em túnel por baixo de terra. Para entrar dentro de água existem várias escadas ao longo do percurso, bem como várias pontes e vários açudes de desnível. As descargas de água são habitualmente feitas á noite, mantendo durante o dia um nível estável, mas em alguns locais é complicado descer as escadas com os kayaks, nomeadamente se estes forem de fibra. As paredes laterais são arredondadas e o fundo é chato (e profundo), tem uma largura suficiente para inverter kayaks de mar com mais de 5 metros, mas é mais recomendável levar botes de plástico, pois estes facilitam a entrada no canal e a transposição dos vários açudes de desnível, que se transpõem com facilidade. Foi a primeira vez que andei num canal deste género, é uma autêntica pista de treinos. Pelo percurso vai-se apanhando a sombra de algumas pontes de caminhos rurais e de algumas árvores, mas a maioria do percurso é feito ao sol que estava escaldante. A água tem uma qualidade aceitável nalgumas zonas, mas em determinadas zonas (normalmente perto dos açudes) amontoa-se alguma caruma dos pinheiros, dando um aspecto de sujidade. A cor esverdeada da água deve-se ao verdete que está encrustado no cimento, mas ao pegarmos nela vê-se que é translúcida. Molhei-me apenas numa zona mais agradável, devido ao intenso calor sentido. Para fazer este passeio fomos requisitar dois Sit-on-top ao Clube de Canoagem das Águas de Santo André, empresa esta que também é a responsável pelo canal.Um dos botes era um Sit-on-top de kayakSurf (Wilderness Kaos) e o outro o Sit-on-top Wilderness Ripper, o primeiro era uma bailarina, o segundo mais direccionável, mas ambos não andavam (que saudades da fibra), mas esta opção foi tomada para não se riscarem os kayaks de fibra cá de casa e porque esta foi uma 1ª exploração. Entrámos na água em S. Domingos e subimos o canal em direcção a Ermidas. Para espanto nosso o canal tem peixes, sapos, cágados e bastantes aves a tomar banhocas. No percurso realizado existe sempre vegetação a envolver-nos, montes alentejanos abandonados com casario em ruínas e outros reconstruídos. Para a passagem do canal foram cortadas algumas elevações de terra e podem ver-se as várias camadas de sedimentos acumulados ao longo dos séculos, desde pedra, terra/areia, calcário e outros desconhecidos (para mim). O canal tem que atravessar alguns vales e para tal está construído com pontes, foi giro sair da água suspensa e olhar para baixo e ver a paisagem alentejana. Experiência engraçada andar na água no ar.
O percurso rondou os 13 km de ida e volta, pois o meu novo companheiro de águas (Tiago) era um iniciante nestas coisas de pagaiar (mas faz-se) e realmente estes botes cansam um pouco para percursos mais longos. Noutros passeios pela zona já tinha conhecido a entrada do túnel e a respectiva saída na barragem do Morgavel e ficámos com vontade de fazer o percurso subterrâneo noutra oportunidade. Para tal aventura vamos contactar a empresa responsável e pedir-lhes autorização para o fazer ou mesmo organizar uma entrada cavernosa conjuntamente com membros do clube, pois para isso ser feito terá que haver alguma bombagem de água, porque no seu caudal normal a água é pouca para lá andar de kayak. Para outra altura far-se-á também o percurso desde Ermidas até á entrada do túnel, mas aí será com os kayaks de fibra, pois esses ali vão andar a velocidades espectaculares, pois o canal é uma excelente pista de corridas. E assim se passaram mais umas horas porreiras, descobrindo um novo local para pagaiar no nosso concelho.SoulWater

Opções, Alterações e Transformações

Infelizmente o tempo disponível não dá para tudo o que há para ser feito e este blog tem andado desactualizado por esse motivo. Mas tem-se arranjado tempo para pagaiar, ou semanalmente ou quinzenalmente, ora com os amigos, ora com a família. Este ano estava prevista a aquisição de um kayak de águas bravas que também desse para surfar, mas muitas vezes na vida surgem situações que nos levam a alterar o planeado. Foi este o caso. Apareceu um excelente negócio para um K1 de competição, não resisti à tentação e toca de fazer negócio (adiei mais uma vez a compra do bote pequeno). Isto permitia-me também fazer a reconstrução de um kayak, coisa que sempre desejei fazer para aprender mais umas coisitas. O Kayak em questão não estava em muito mau estado, mas necessitava de melhorias e de uma personalização. Peguei então no Nelo Eagle Factor 3 em carbono, do ano de 1999 e meti-o no estaleiro doméstico para dar início aos trabalhos, onde permaneceu durante 3 semanas, pois quando fui tendo bocadinhos é que me dediquei a ele. Esta é a foto do original:
Ainda antes disso e na altura da compra coloquei-o dentro de água para o ensaiar e dou-me conta do cavalo bravo que adquiri. Os banhos sucederam-se e ao fim de quase umas duas horas a tomar banhos lá consegui fazer uns km sem cair (até parecia que tinha vontade própria de se voltar), até …cair novamente ao banho.
Como kayak de competição que é, era todo aberto no seu interior, quando se voltava enchia-se de água e era um martírio para o tirar de lá, bem como a água que ficava lá dentro. Toca de fazer uma divisão em fibra de vidro atrás do banco para isolar toda a traseira (trabalho complicado de fazer sem moldes). Sendo a frente também aberta só foi possível aí colocar uma bóia de flutuação insuflável, lá aproveitei a parte da cabeça de um colchão que andava cá por casa, com um tubo de enchimento que vai até ao pedal do leme, permitindo o seu enchimento quando estamos fora do kayak. Agora pode-se voltar á vontade que já não vai ao fundo, nem faz mais de submarino. O banco de competição era muito elevado, o que potenciava o desequilíbrio, fora com o banco e foi feito um mais baixo e mais confortável.Como cavalo bravo que era e que teimava em deitar-se (com um fundo completamente redondo) precisava de mais estabilidade e para ajudar a um maior equilíbrio toca de lhe pôr uma quilha antes do leme.
Estando a traseira agora isolada e apostando numa transformação que lhe desse um ar de turismo, foi colocada uma tampa estanque de carga redonda em plástico, passando assim a permitir levar carga com fartura. Para melhorar ainda o seu aspecto vai de pôr uns elásticos para carga no casco ou simplesmente levar uma pagaia suplementar.
Para amarrar a corda caça pagaias, foi colocado um elástico á frente do poço. Como gosto de aproveitar o que anda de velho cá pelo estaleiro, quero apenas mencionar que as peças plásticas que suportam os elásticos são as tampas de parafusos de cintos de segurança de carros, que depois de devidamente trabalhadas ficaram a cumprir a sua função na perfeição.
Para facilitar o transporte mais seguro no carro, coloquei umas pegas na proa e na popa, para passar as correias e ir bem amarrado quando ando por aí com os botes a velocidades proibidas por lei, permitindo também um fácil transporte por duas pessoas.O comando do leme é o de competição e para dar mais apoio aos calcanhares alonguei-o até ao fundo do casco, assim os pés vão devidamente apoiados. No seu topo coloquei também um tubo em carbono para aí fixar os dedos dos pés e assim poder garantir um melhor apoio para ajudar na estabilidade e no equilíbrio.
Depois de muito lixar, foi dada alguma fibra para retocar algumas imperfeições que tinha no casco, mais umas lixadelas e estava pronto para pintar. Aqui foi uma das piores partes, pois o estaleiro não reúne as melhores condições como estufa, nem eu sou um grande pintor com este tipo de tintas, mas fiz o possível para ficar razoável. Aqui fica a imagem do produto final:
Não podia faltar o respectivo nome de baptismo e o símbolo dos Amigos da Pagaia, em cada um dos lados, bem como uma fita branca na junção do casco superior e inferior.
Sempre gostei de andar depressa, seja a pé, de carro, de mota, ou de kayak e este anda realmente depressa, daí decidi baptizá-lo com RunWater, pois vai ser possível andar agora dentro de água ainda mais depressa (puxando bem por mim), desde que me mantenha lá dentro, pois o cavalo bravo foi um pouco amansado com estas transformações, mas não deixa de ser bravo, estreito e com um fundo redondo, continuando a exigir dotes de equilibrista. Ficou também um pouco mais pesado, pois o seu peso era de 9 Kg, agora com todos estes acessórios não sei, embora continue bastante leve terei que o pesar para saber o seu real peso. Continua exigente quando se pára de pagaiar (aconselhável fazê-lo nas margens), mas a pagaiar está diferente e mais permissivo e que anda, realmente anda. Agora há que praticar e aumentar os treinos, pois se assim for será possível domá-lo por completo e utilizá-lo para passeios de um dia, levando a respectiva carga. O bote de águas bravas vai ter que esperar mais uns tempitos, ou pode ser que depois desta experiência faça um em fibra de vidro para surfar aqui pelas ondas alentejanas, a ver vamos.
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O Acessório Mais Caro para os Nossos Kayaks

Pois é, estas coisas da canoagem leva-nos a gastar muitos €€€, são os kayaks, pagaias, vestuário, material de campismo e muitos outros inúmeros equipamentos necessários e fundamentais para alimentar esta paixão, ainda para mais quando os apaixonados cá de casa são os quatro membros da família, é sempre a multiplicar por quatro. Mas há acessórios e acessórios e este que vos queremos apresentar é realmente o mais caro, mas também sem ele teriamos que pôr os kayaks no tanque do monte alentejano e ficarmos quietinhos sem dar á pagaia. Julgo que já vão percebendo onde queremos chegar, agora vamos poder andar descansados, pois colocamos o P1 na ponta dos kayaks e não haverá GNR que nos possa multar, pois agora respeitamos o código da estrada (isto dos comprimentos é complicado). Claro que vos estamos a falar da nova viatura de transporte dos kayaks, mas não é uma viatura qualquer, pois para além do maquinão passámos a ser considerados CEE`DERADOS, algo que somente alguns se poderão sentir e perceber. Para ser mais fácil entenderem o que dizemos nada como dar uma voltinha por http://www.createforum.com/ceederados/index.php?mforum=ceederados e também por http://www.kiaclubeportugal.pt.vu/ páginas interessantes e com novos amigos devido a esta opção de sermos Cee`derados. Mas como vos falo deste novo acessório convém vê-lo para perceberem a sua beleza, bem como utilidade, não é um mero meio de transporte é o nosso Cee`d, que também transporta os nossos belos kayaks, que quando postos em cima das barras ainda fica uma SW mais bonita. No segundo dia em casa foi logo estrear-se nas belas praias de Porto Covo, para se ir habituando a estar perto de água, pois terá um longo futuro perto de muitas e diversas águas.

Como podem perceber estamos contentes com a aquisição do nosso novo KIA CEE`D SW CRDI EX, bem como por fazer parte da comunidade de Cee`derados, onde já conquistámos novos amigos que brevemente teremos a possibilidade de conhecer pessoalmente e partilhar in loco as nossas viaturas. O Nome de baptismo foi "Back in Black" quer pela sua bela cor, quer em memória da grande banda AC/DC.
Esperamos que os nossos amigos e companheiros de águas a achem tão bonita como nós achamos e que muito brevemente ela nos leve até mais um passeio dentro de água convosco. Até lá vamos rodando e tendo o prazer de fazer Kms ao volante desta máquina, que é o acessório mais caro para praticarmos canoagem por este país fora.

Outra Vez no Rio Vez

Mais uma descida no límpido Rio Vez, na companhia do meu compadre Paulo Quintas. Após a descida do Rio Lima e para não perder a pedalada, no dia seguinte lá fomos para a água novamente. Ainda aguardámos mais companheiros para a descida, mas julgamos que o caudal afugentou alguns dos interessados. Desta vez a água estava a um bom nível e a corrente bem mais forte para tornar a descida mais interessante e muito mais rápida. Tão rápida que não dava para ver algumas daquelas pedras malandras, que só se sentiam quando se batia e roçava nelas, mas sem isso a adrenalina não teria sido tão forte. Algumas pesqueiras metiam agora mais respeito e o ainda não ter os botes apropriados para estas andanças, levou-nos a contornar uma ou outra. O Rotomod Solo e um bote de Pólo não são os indicados, mas á falta de melhor é com eles que descemos, mas desta vez lá levámos os capacetes e os coletes, pois o rio não estava para brincadeiras inconscientes, como já o fizéramos da última vez.
É um rio com águas límpidas em que se vê sempre o maravilhoso fundo (excepto quando a espuma fervilha á nossa volta), a poluição ainda aqui não chegou, gente nesta altura nem vê-la, foi como ter o paraíso só para nós o saborearmos, aliás a vontade era a de tomar um bom banho, como tantas vezes já o fizemos nestas águas. O dia contribuiu para tornar esta descida ainda mais bela, pois o sol acompanhou-nos sempre e espreitava por entre a vegetação quando esta era mais densa, um dia muito agradável tendo em conta que estamos em pleno Inverno. Após esta espectacular experiência ficou já apalavrada uma nova descida lá para Março, esperando que chova mais um pouco para tornar o rio ainda mais rápido e a descida ainda mais emocionante. Esta foi a quarta experiência em águas bravas, onde o nível de perigosidade das descidas tem aumentado de grau em cada uma delas, ainda sem ter passado por um banho forçado (habitual nestas andanças), desejo que a próxima descida seja ainda com um nível de dificuldade mais elevado e aguardo com expectativa qual será a pesqueira que me fará tomar o tal banho forçado (não sem antes me esforçar por não o tomar). Em Março lá será o Vez outra vez.
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